terça-feira, 17 de setembro de 2024

DIFUNTERIA - Messias Negativo (Álbum - 2024) - RESENHA

 E eis que em setembro de 2024, em uma sexta feira 13, somos brindados com um novo disco da banda Difunteria. E olhe que sacada genial da banda: contendo 13 faixas.

A banda, fundada em 2015, já havia produzido o incrível e pesado "Todo Mal" de 2017. Foram 7 anos de espera, mas já adianto que valeu a pena cada segundo.

Juntamente com a banda Sertão Sangrento, o Difunteria é hoje, em minha humilde opinião, o grande expoente da cena horror punk nacional.

Mas vamos deixar de enrolação e ir direto ao disco.


A capa

Vamos começar com uma rápida análise da apresentação visual do novo trabalho.

Trata-se de mais uma grande arte do André Honorato, um ícone do visual horror punk nacional.

 Trazendo uma abordagem que faz referência às antigas HQs dos anos 50, 60 e 70 dentro do horror, bem como de pôsters de filmes-B, temos uma capa e um titulo que pode ser interpretado dentro de vários pontos de vista diferentes. Aparentemente temos uma seita religiosa zumbizenta sendo liderada por alguém no mínimo duvidoso. Podemos extender essa análise para um lado mais sobrenatural, ou para um lado realmente religioso, ou ainda para o aspecto político...são muitas camadas de interpretação, algo que vai se refletir muitos nas letras ao longo de todo album.


O disco - Parte Técnica

Todos os aspectos técnicos do album estão primorosos. A qualidade de gravação é incrivel, e isso sem perder a crueza que o punk NECESSITA. 

Um das minhas críticas a bandas como Blitzkid e até mesmo o Misfits atual é que eles fazem uma produção tão limpa (especialmente Blitzkid) que acaba deixando totalmente de lado o "punk" do horror punk.

Isso COM CERTEZA não acontece aqui. O punk está em cada power chord tocado, em cada letra cantada com raiva ou força. Isso é bom demais.


As Músicas

O álbum abre com a paulada "Messias/Cain/Carnificina", uma escolha certeira, pesada, direta, com um vocal raivoso e backing vocals muito bem colocados. Temos aqui um resumo do que veremos ao longo de todo o disco: peso, letras que glorificam o horror (no bom sentido), mudanças de andamento muito interessantes e composições sólidas.

Depois dessa vem só sonzeira, em composições com a mesma qualidade da faixa de abertura. Eu citaria "Paletó de Pele Humana" como sendo a mais criativa e diferente, com vocais bem diferentes dos usuais, passagens mais lentas e um clima muito divertido; Essa formula também estará em "Plano B", essa com influências de Heavy Metal e muito groove. 


Destaques

Os vocais raivosos e a bateria frenética e cheia de variações e ritmos são com certeza os grandes destaques aqui. Contudo as cordas são competentes e fazem o que tinha que ser feito.


O que falta?

O que falta é a banda vir fazer som aqui em Rio Claro. De resto, nota 10!


Tracklist:
1- Messias/Cain/Carnificina

2- Possessão

3- Toda Cidade

4- Menino Lobo

5- Paletó de Pele Humana

6- Ciborgue

7- Plano B

8- Do Inferno

9- Violência

10- Livro dos Mortos

11- Missionário da Destruição

12- O Mal está Comigo

13- Início do Fim


Músicos:


Vocal: Zé Máximo
Guitarra: João Gilberto Máximo
Baixo: Kleber Moraes
Bateria: Elaino Pereira



quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Twilight Warrior - Legendary Tales of the Forgotten Lands - Parte 2 (Resenha)

 E temos aqui uma resenha que se parece como qualquer outra que eu já tenha feita, mas só "parece".

Esse disco do projeto Twilight Warror, lançado pelo Selo Iron Forge AI-Records tem uma peculiaridade muito especial: Trata-se de um disco todo feito com IA - Inteligência Artificial.

Logicamente a primeira reação de um artista é renegar e demonizar esse tipo de trabalho sem se dar ao trabalho de sequer ouvir. 

No meu caso especificamente, que já fui inclusive premiado pelo  Bandcamp (o maior site de musica independente do mundo) por conta de minhas gravações 100% artesanais, caseiras e feitas da forma mais "manual" possível, seria esperado que eu agisse dessa forma.

Mas eu ADORO fugir do óbvio.

Então decidi analisar esse disco apenas MUSICALMENTE, e levando apenas fatores composicionais, harmônicos e melódicos em consideração.

Então Vamos lá.

O Estilo

Como o nome do projeto e do disco entregam, se trata de um disco de Power metal que aborda temas de fantasia medieval tanto em suas letras como em sua sonoridade. Um tipo de "RPG METAL".

Como comparação, eu diria que o projeto se assemelha muito as bandas Twilight Force, Rhapsody of Fire e Blind Guardian.

São 20 músicas em quase 80 minutos de álbum.


As Composições


Como eu falei, estou analisando apenas o aspecto harmonico e melódico do trabalho.


POSITIVO

As melodias são incríveis. Algumas são tão boas quanto aquelas presentes em albuns das bandas citadas. Elas são todas épicas e cheias de referências ao imaginário fantástico. Algumas linhas vocais empolgam muito, como na terceira musica, "Keepers of the Seven Seas", talvez a melhor música do disco e tão boa quanto os melhores momentos do Rhapsody.

O instrumental soa perfeito. Todos os instrumentos estão com timbres bem escolhidos e sinceramente? É impossivel distinguir isso de uma execução humana. Se você não souber que se trata de IA, não vai ser analisando o instrumental que você irá descobrir.

Um destaque especial são os coros e os backing vocals. Soam maravilhosamente bem.


NEGATIVO

O principal ponto negativo é que a maioria das músicas possue estruturas repetitivas. Se elas fossem 1 ou 2 minutos mais curtas, estaria ótimo, mas algumas se extendem muito além da conta, tornando a escuta marcante depois de 10 ou 11 músicas.

Outro ponto que merece melhorias são os vocais. Ainda que o coros e os backings sejam ótimos, o vocal principal, ainda que soe extremamente afinado e tenha um timbre muito legal para o estilo escolhido, ainda soa como se tivesse passado por muitas sessões de AutoTune. Isso não necessariamente faz parecer feito por uma IA, uma vez que muitas bandas reais usam auto tune; mas certamente faz com que pareça um pouco aritficial, ainda que eu acredite que só ouvidos mais treinados conseguiriam perceber isso.

As composições são boas. Eu gostei de todas as músicas.


Contudo, ainda falta um tanto para que tenha a mesma consistência e o equilibrio que bandas de grandes músicos apresentam. 


O BALANÇO GERAL

O computo final é positivo. É impressionante saber que uma IA já é capaz de criar algo assim, apenas 3 anos depois que essa tecnologia surgiu para o grande público.

Afirmo com muita convicção que em 4 ou 5 anos será impossível distinguir se uma composição é feita por humanos ou por IA apenas escutando e identificando elementos, mesmo ouvidos treinados e músicos profissionais serão incapazes de dizer com certeza.


Nota: 07/10


DIFUNTERIA - Messias Negativo (Álbum - 2024) - RESENHA

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