segunda-feira, 26 de abril de 2021

Análise Musical: Pesadelo Brasileiro/Medonhos

 E hoje temos uma análise de uma gravação de uma das minhas bandas favoritas, o Pesadelo Brasileiro. A banda é um verdadeiro patrimônio da mùsica nacional.



Obs: Encontrei um registro dos MEDONHOS com o mesmo título de mùsica. Não saberia dizer se se trata de um cover ou algo assim. Independente disso, toda a análise se baseia na gravação do Pesadelo Brasileiro no disco Comedores de Cérebro, de 2018.

PS: SIM, confurmei com a banda. É um cover dos Medonhos.


Mas antes, umas palavrinhas sobre a forma como foi recebida a primeira análise musical que eu fiz, do Zumbis do Espaço.


Infelizmente, muita gente não entendeu minimamente qual a proposta da matéria.

Teve gente que ficou irritada ou inconformada achando que era um "Tutorial" ou "guia", como se eu estivesse tentando ensinar a tocar.

Sinceramente, achei essa opinião de uma falta de vontade IMENSA. Chego a arriscar que só não lendo a matéria inteira pra chegar nessa conclusão nada a ver.


Fato é que análises musicais são super comuns em QUALQUER estilo do mundo.

Se você procurar no Google ou no YouTube, tem gente analisando musicas desde Karol Konka até do Iron Maiden. 

Porra, se Karol Konka pode ter musica analisada, por que as bandas de Horror Punk nacionais que fazem mùsica foda não podem?


No caso dessa não ser "o perfil da cena", eu me questiono:

Por que não expandir os horizontes da cena?

Ou ainda:

"E se fosse de fato pra ensinar a tocar, seria algo tão ruim e ofensivo assim? No cifra club tem vídeo de gente ensinando a tocar de "Festa no Apê" do Latino á "Black Dog" do Led Zeppelin. Seria tão ruim mesmo se alguém procurasse e achasse um vídeo ou tutorial de alguém ensinando a tocar "Mais Morto do que Vivo" do Cabeças Voadoras? 


Nem todo mundo que curte o estilo faz "parte da cena". Por que não criar conteúdo capaz de atingir tb essa galera, e no futuro, eles com certeza vão querer fazer parte. 


Enfim, essa é minha opinião, que dou com sinceridade, sabendo que corro o risco de irritar ainda mais a galera e ficar com "meu filme queimado"... Mas não poderia deixar de falar.


Desabafos de lado, vamos para a análise musical da canção "Minha Amada" da forma como ela é apresentada no disco Comedores de Cérebro.

É a primeira música do disco:

Panorama Geral

Se trata de uma composição muito interessante do ponto de vista musical, pois apresenta uma mescla muito bem feita de punk rock mais visceral/tradicional com melodias vocais que remetem de certa forma a melodias tipicamente brasileiras e regionais, ao passo que ritmicamente a banda alterna entre o punk e levadas, acompanhado de harmonias, vindas do rockabilly dos anos 50.

PQP, e ainda não querem que eu analise uma preciosidade dessa! Vai entender....

Vou falar em linha gerais, e não vou colocar aqui nem a cifra nem a letra. Nos próximos dias vou estar menos puto, aí volto a fazer tudo bonitinho.

A música começa com um power chord, deixando claro qual o tom da mùsica. De ouvido, me parece que a mùsica está sendo tocada em A. Vou então analisar dentro desse tom. Caso esteja errado, é só transpor, uma vez que as relações harmônicas são as mesmas independentes da tonalidade escolhida.

Depois de 4 vezes soando solto, começa já com o vocal, onde a banda apresenta uma harmonia clássica que se baseia em TÔNICA - SUBDOMINANTE-DOMINANTE, também escrita como I-IV-V.


Os 3 acordes classicos do punk Rock.


O que muita gente nao sabe é que bem antes do punk, o blues era todo construido em cima desses 3 acordes. A única diferença é que a Dominante, no Blues, vinha sempre com Sétima.

A famosa estrutura do Blues conhecida como "Twelve Bar Blues" nada mais era que uma "formula" ou "forma" de composição. Muitos Bluesmen famosos passaram a vida só tocando esses 3 acordes. 

Esse tipo de blues foi muito utilizado principalmente nos estados do sul, sendo o mais famoso o chamado "Mississippi Delta Blues", de nomes como Mississipi John Hurt e outros.

Continuando

O Refrão e a transição rítmica

O refrão é delicioso, mas o que acontece depois que realmente surprende e leva a mùsica para outro patamar.

O fato do refrão ser agressivo tanto sonoramente como liricamente acentua ainda mais a transição.

Ao final da última repetição do refrão, uma cadência descendente na harmonia, aconpanhada de um ralentando no ritmo, conduz a composição para algo que lembra muito o rockabilly.

O rockabilly é um filho bastardo do blues (com muita coisa fe country também), e é popularmente chamado de "rock anos 50". Nem todo rock dos anos 50 é rockabilly, mas isso é uma outra história...


O rockabilly está na gênese no psychobilly e Gothabilly, gêneros "primos" do Horror punk.


Aí, do nada, a banda retorna ao refrão, sem preparação nem nada, o que contrasta muito bem com a cadência que introduziu a mudança de ritmo, deixando a mùsica estranhamente redonda nessa alternância.


É isso.

Espero que tenha sido Interessante para alguns, e menos ofensivo para outros.


Vida longa as bandas de Horror Punk nacional!




 

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