A coleção Goosebumps é outra série geralmente subestimada pelos fãs de horror punk. O tom infanto-juvenil e as histórias curtas (média de 60-70 páginas por livro) faz muito fã do horror considerar essas obras como menores dentro do gênero.
Mas algo está errado nessa análise, muito errado.
Primeiro, não dá para subestimar assim tão facilmente essa que é a série de livros de horror mais vendida no mundo em todos os tempos; somando tudo, essa coleção vendeu mais de 400 milhões de cópias.
É a segunda série de livros mais vendida no mundo, ficando atrás apenas da saga Harry Potter (esses dados consideram todos os livros das sagas/séries). E SIM, esse cara - R.L.Stine - já vendeu mais livros de terror do que o Stephen King.
Dá pra ter uma dimensão disso? Senhor dos Anéis vendeu menos do que a coleção Goosebumps.
logicamente, não da para julgar a qualidade de algo exclusivamente pelo sucesso comercial. 50 Tons de Cinza fez milhôes e milhões, e ainda assim continua sendo uma leitura horrorosa (sim, eu li os 3 livros, mas queria "desler").
O que não dá para negar é que por 400 milhões de vezes alguém foi apresentado a uma história de terror por meio dessa coleção.
Mas essa resenha não foi feita para exaltar o sucesso comercial da série, e sim para falar das qualidades literárias da mesma. E ela possui muitas qualidades.
Bem Vindo a Casa dos Mortos
Esse é o primeiro livro da série, lançado em 1992.
Ele conta uma história tradicional do horror, onde uma família herda uma casa - na verdade uma mansão - em uma misteriosa cidade do interior, e por uma série de questões decidem se mudar para lá.
Logo os dois filhos do casal começam a notar coisas estranhas não apenas na casa, mas também nas pessoas e na própria cidade em que estão.
Apesar do tamanho pequeno do livro - eu tenho a edição original em inglês, que tem 80 páginas - o autor R.L.Stine consegue construir uma trama que vai crescendo em ritmo lento, acentuando as estranhezas do cenário, de forma que nós leitores nos sentimos muito conectados com a familia descrita no livro, também conhecendo o local e lidando com as mesmas estranhezas.
Eu acho que esse livro é uma aula de que as vezes, menos é mais. Mais páginas faria o livro ficar arrastado demais. Aqui está tudo na medida certa.
Talvez o unico problema dos livros do R.L.Stine sejam os finais. A gente sabe que de ALGUMA forma as pessoas vão ficar bem no final. Não há espaço para fins escatológicos ou macabros aqui. Claro, muitas vezes fica no ar se o mal daquela aventura foi relmente banido (e são tantos livros que eles invarialvelmente voltam), mas depois quando eles voltam, as pessoas vão ficar bem novamente.
Mas essa é uma questão nem tão complicada de entender.
O Mestre Stephen King disse que não gosta do livro Pet Samatary (aqui no Brasil geralmente chamado de "Cemitério Maldito") por ter escrito um final, segundo ele próprio, "totalmente sem esperança. A maioria dos livros do king, mesmo que de uma forma muito mais visceral, intensa e competente, também trabalha com essa ideia de que o final traz redenção e superação.
Enfim, recomendo muito os livros do R.L.Stine.
Deixem os pré-conceitos de lado, e aproveitem o horror. 400 milhões de vezes isso foi feito com esses livros, sempre cabe mais um.
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