quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Resenha: Nemedian Chronicles - The Savage Sword (2024)

 E hoje, dia 28 de fevereiro de 2024, venho resenhar um disco que foi oficialmente lançado apenas 5 dias atrás e para mim já é o mais provável disco do ano: "The Savage Sword", da banda francesa "Nemedian Chronicles. Um disco de metal para superar esse aqui terá que ser sobrenaturalmente bom.

Como fica totalmente escancarado pela capa, pelo nome da banda e pelo titulo do álbum, trata-se de uma banda com temática 100% voltada para o famoso bárbaro criado por Robert E. Howard, o cimério Conan, o bárbaro.

É perceptível que a banda entrou fundo no imaginário mundo da era Hiboriana para criar seu som.

Musicalmente, temos aqui um som épico, poderoso e absurdamente bem feito. A referência mais imediata é sem sombra de dúvida o Blind Guardian em seus primeiros discos. O timbre do vocal em certos momentos lembra assustadoramente a voz de Hansi Kursch, e as guitarras também bebem nervosamente da fonte dos bardos alemães.

Mas seria uma injustiça enorme se dissermos que se trata de uma mera "cópia". Diria até que esse disco supera vários do BG. Ao lado de Blind Guardian, temos influências do lado épico do Manowar. Hammerfall também pode ser apontado como uma das bandas referenciadas aqui.

Além disso, vários elementos do heavy metal europeu dos anos 80 pipocam aqui e ali. Então se além das bandas já citadas você curte Running Wild, Grave Digger e Saxon (entre muitas outras), a chance de você se sentir em casa é enorme!

Após uma introdução épica em que um dos textos mais famosos de Howard é recitado tendo como fundo um arranjo orquestral claramente inspirado na trilha sonora original do filme classico com o big Arnold, temos "Born on a Battlefield", uma música tão perfeitamente cantada, composta e executada que beira o ridículo.

"The Thing in the Crypt" vem adicionar mais peso ao som, e talvez seja essa a que mais lembra Blind Guardian, em seus melhores momentos, diga-se de passagem. A bateria nessa música é insana.

Em seguida temos "Tower of the Elephant", baseada na obra mais famosa do personagem. Esta é mais cadenciada, com FORTES influências de Manowar. O refrão só não é mais épico porque não é o próprio Conan cantando.

Na verdade eu poderia ficar aqui comentando uma por uma das faixas do album, mas fato é que seria chover no molhado; simplesmente a qualidade se mantém constante e nenhum momento é desinteressante.

Como disse: Dúvido que algum disco lançado esse ano dentro do cenário do metal consiga superar o que esse aqui faz.

Nota: 1000/10

Tracklist:
1. Nemedian Chronicles
2. Born on a Battlefield
3. Venarium
4. The Thing in the Crypt
5. Tower of the Elephant
6. Tigress of the Black Coast
7. The Savage Sword
8. Monsterslayer
9. Black Lotus/The Curse of Thog
10. Stygian Sons of Set
11. The Song of Red Sonja
12. Road of the Kings

Lineup: Alexandre Duffau - Vocals David Royer - Guitars Thomas Teissedre - Guitars Guillaume Lefebvre - Bass
Guillaume Rodriguez - Drums


terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Resenha: Trail of Tears - Disclosure in Red (1998)

 A banda norueguesa Trail of Tears entre trancos e barrancos continua na ativa até os dias atuais, tendo atravessado muitas mudanças, tanto de formação quanto de sonoridade.

A banda surgiu no momento em que a música melancólica estava em alta, e bandas como Paradise Lost, Tiamat, Anathema, Katatonia, Amorphis e tantas outras eram figuras recorrentes no cenário do metal mundial. 

O lado mais sinfônico do gothic metal também estava em um momento de muito reconhecimento, e bandas como Theatre of Tragedy estavam em alta, e um ano antes o Tristania havia lançado o maravilhoso WIdow's Weed.

No entanto, o Trail of Tears já nesse primeiro disco apresentaria a característica que o faria diferente dessas outras citadas: O peso.

Sem sombra de duvidas, o Trail of Tears era a banda mais pesada dessa leva do Gothic metal noventista, colocando ao lado do metal sinfonico e dos vocais operísticos altas doses de death metal e até mesmo trechos que remetiam ao black metal. As guitarras apresentavam uma distorção absurda, e o vocal masculino gutural era muito mais cavernoso do que o que faziam as outras bandas de alguma forma similares. Coloque aí algumas influencias de metal tradicional, e temos o Trail of Tears.

No Brasil, a banda se tornou conhecida pois a primeira musica desse disco, "When Silent Cries" entrou em uma das edições da saudosa coletanea "Planet Metal", cds vendidos em bancas de jornal a um preço muito acessível e que foram a porta de entrada de muitas novas bandas em nossas terras. 

Eu me lembro inclusive que foi essa - When Silent Cries - a primeira música de Gothic metal com alternância de vocais femininos com guturais que eu escutei na vida. Lembro de achar o som excessivamente pesado (na epoca, eu ouvia muito rock progressivo dos anos 70...imagina alguèm acostumado a ouvir YES se deparar com Trail of Tears pela primera vez!).

No entanto, gostei muito do clima soturno e vampiresco, que remetia aos livros da Anne Rice qe eu estava lendo naquela época.

Esse disco é muito bom. Ele mantem uma boa homogeneidade entre peso e melodia. Um outro ponto curioso é que de maneira geral a banda apresenta aqui andamentos um pouco mais acelerados do que seria tradicional no estilo. Outro fator MUITO interessante é o uso de violões limpos em algumas passagens. Violão nunca caiu muito nas graças da galera do gothic metal, e o Trail of Tears mostrava que um violão bem tocado podia ser tão melancólico quanto arpejos funebres no piano.

A vocalista aqui é Helena Iren Michaelsen, que infelizmente não duraria muito na banda. Ela alterna vocais operísticos com outros mais tradicionais, e ainda em alguns trechos de uma forma mais teatral. Ainda que ela dê algumas escorregadas em uma melodia ou outra, fato é que o timbre de voz casa perfeitamente com o som da banda e cria um contraste interessante com o vocal gutural de Rony Thorsen.

Curiosidade: Rony Thorsen substituiria Morten Veland no Tristania quando esse saiu para montar o Sirenia.

Esse disco mantém a qualidade do inicio ao fim. Em alguns momentos, como na música Illusion a guitarra faz riffs que não vemos em nenhuma outra banda de gothic metal.

Apesar da melancolia, dos teclados onipresentes e da brilhante participação adocicada de Irene, verdade é que "Disclosure in Red" pode soar excessivamente pesado para ouvidos menos acostumados.

De maneira geral a maioria dos fãs consideram o terceiro disco, "A New Dimension of Might" o ponto alto da qualidade da banda.

Eu contudo confesso que considero esse e o disco seguinte, "Profoundemonium" duas obras primas, que trouxeram frescor a cena gothic metal mundial, que apesar do sucesso iria "colapsar" devido ao exagero de bandas que soavam de alguma forma muito semelhantes demais entre si.

Acredito que é justamente essas caracteristicas peculiares que garantiram a sobrevida do conjunto. Enquanto várias bandas clássicas da cena encerraram há muito suas atividades (Tristania, Theatre of Tragedy, The Sins of Thy Beloved e dezenas de outras), o Trail of Tears segue firme e forte(apesar de um hiato entre 2013 e 2020).

Line up da banda no disco:

Ronny ThorsenVocals (harsh), Lyrics
Helena Iren MichaelsenVocals (contralto), Lyrics
Runar HansenGuitars (lead)
Terje HeiseldalGuitars (rhythm)
Kjell R. HagenBass
Frank Roald HagenKeyboards
Jonathan PerezDrums, Percussion


Nota: 9,5/10

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Resenha: Within Temptation – Enter

A banda holandesa Within Temptation se tornou uma das bandas de rock mais bem sucedidas das últimas décadas apostando em uma inusitada mistura de música pop e metal sinfônico, com algumas influências de música eletrônica.

No entanto, o que nem todos sabem é  que no início a banda fazia um som bem diferente daquele que o consagrou, como podemos constatar no debut “Enter”, de 1997.

Enter aposta num gothic metal sinfônico extremamente melancólico,  pesado onde – acreditem – a presença de vocais guturais se faz presente, alternando com a maravilhosa e adocicada voz da cantora Sharon Den Adel.

Nesse álbum de estreia há de se destacar que o vocal de Sharon trazia muitas influencias operísticas,  que se reduziram drasticamente a partir do (fantástico) disco seguinte, “Mother Earth” e que desapareceriam totalmente a partir do "Silent Force".

Este disco bebe direto na fonte do metal gótico que imperava na segunda metade da década de 90, remetendo ao som de bandas como Tristania, Lacuna Coil e The Gathering, além de fortes influênciaa de doom metal. Contudo, a maior influência aqui com certeza são os primeiros discos do Theatre of Tragedy, principalmente pelos teclados e pelas linhas vocais femininas, que muitas vezes parecem terem sido compostas pela Liv Kristine.

Mas verdade seja dita: quando o assunto  é técnica vocal, afinação e controle da voz, a Sharon sempre esteve anos luz a frente de todas as outras grandes cantoras do estilo.

O Álbum apresentava, ao menos em seu lançamento original, 8 musicas.  Em linhas gerais,  as músicas são mais longas do que se tornaria  comum em outros álbuns, com passagens instrumentais arrastadas e longas.  As letras também são bem diferentes do que aquelas que seriam abordadas no futuro. Enquanto atualmente a banda escreve sobre fantasia, relacionamentos e natureza, aqui temos temas sombrios como vampiros, Fantasmas e escuridão.

Destaques

“Restless” abre o disco de forma contemplativa,  com Sharon mostrando logo de cara porque seria no futuro considerada uma das melhores vocalistas da história do metal.

“Enter” é uma música pesada e ao mesmo tempo atmosférica,  com vocais guturais marcantes e linhas de teclado e guitarra que parecem terem saído diretamente do disco “Velvet darkness they fear “ do Theatre of Tragedy.

“Pearls of Light" traz de novo o foco para Sharon, seguida de “Deep Within”, uma paulada em que o vocal gutural é  o destaque.

O Álbum segue com muita competência, encerrando de forma digna com a incrível “Candles”.

Esse  é de longe meu disco favorito do Within Temptation, e entra fácil no meu top 7 de melhores discos de Symphonic Gothic Metal de todos os tempos.

A maioria dos fãs deste disco costumam reclamar do direcionamento que a banda tomou e da mudança radical de estilo. Mas esse não é o meu caso.

Acho que apesar das mudanças o Within Temptation continua até hoje entregando discos de altíssima qualidade.

O fato da banda ser talvez a única banda do cenário gótico dos anos 90 a até hoje ser relevante e ter uma agenda completamente lotada de shows mostra que, ao menos comercialmente,  a banda tomou decisões lógicas e acertadas.

Enfim, e para quem só conhece o Within Temptation de suas músicas leves e pops, recomendo muito escutar esse disco. Tenho certeza que a surpresa será grande e positiva.

Nota:9/10

Creditos:

Within Temptation

Additional musicians

  • George Oosthoek – vocals on "Deep Within"
  • Lex Vogelaar – guitars on "Pearls of Light"
  • Guus Eikens – synthesizers/sound advice

 

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Resenha Brasuca: Saturno Prestes

 Olá,  pessoal,  tudo bem com vocês?

Hoje começo uma nova fase aqui no blog, em que irei comentar, indicar e resenhar bandas brasucas para além do horror punk. Então espere ver aqui todos os outros estilos que eu amo tanto: rock progressivo,  doom metal, Black metal, pós-punk, celtic punk...e até estilos menos "óbvios " que eu também curto, como world music, New age, dungeon synth, chiptune.

Por quê?

O principal motivo foi o encerramento do site 80 Minutos, que por anos foi o espaço mais democrático e eclético de crítica musical do país.  

E o segundo motivo é que - vamos ser sinceros - a cena horror punk tanto brasileira como internacional está caminhando a passos de tartaruga, com pouquíssimos lançamentos e pouquíssimas atualizações.  Temos uma infinidade de bandas excelentes na cena, e sei que a maior parte deste "silêncio" da cena é porque a galera está fazendo seus corres e tentando dar conta de tudo. Entendo isso perfeitamente. 

Feitas as devidas explicações, vamos a resenha de hoje.

Banda: SATURNO PRESTES

A banda brasuca acaba de lançar um EP auto-intitulado contendo 4 músicas, totalizando cerca de 18 minutos de música. Aqui o setlist:

1- Saturno Prestes

2- Supernatural

3- Jardins Artificiais

4- O fim da Morte (Cixinesque)

Achei muito bom que a banda disponibilizou o EP em VÁRIAS plataformas diferentes.  No fim da matéria você encontra o link para a audição. 


Qualidade do Áudio 

As músicas tem uma qualidade de produção muito boa. Tudo soa claro e balanceado, algo que nem sempre é fácil de encontrar, ainda mais sabendo que a produção teve muito da atitude "Faça Você Mesmo" envolvida. Gostei muito dos timbres de guitarra e da forma como a voz foi trabalhada. 


Estilo Musical

Não é tão fácil definir o som do Saturno Prestes. O que é muito bom,  pois confere uma identidade toda própria á banda.  No entanto vou tentar colocar aqui como EU classificaria a banda em relação ao que eu costumo escutar:

O elemento mais predominante é o Rock progressivo,  por conta das mudanças de ritmos, harmonias complexas e muitas vezes um som mais técnico. Nas guitarras a timbragem do instrumento me remeteu aos momentos mais viajantes do Steve Vai, e alguns dedilhados me fizeram pensar em Violeta de Outono. A voz é muito afinada e junto com o que foi dito eu senti um certo amor pela MPB da década de 70 e pitadas de BRock dos 80s.

Enfim, a banda tem identidade suficiente pra dizermos que soa como "Saturno Prestes".

Músicas 

1- "Saturno Prestes"

O EP abre com uma introdução que me remeteu imediatamente à Steve Vai. Tanto que por alguns segundos achei que seria uma faixa instrumental.  É uma música com uma vibe meio contemplativa, ainda que a guitarra seja onipresente. Possui alguns backing-vocals bem simples mas que se encaixam perfeitamente no que a música pedia. A guitarra traz algumas dissonâncias muito interessantes e que trazem bastante dinamismo a música de forma simples e eficiente. 


2- "Supernova"

Essa apresenta uma estrutura bem diferente da anterior. Sem introdução,  o vocal já começa com uma melodia quase melancólica em cima de um dedilhado MUITO bonito.

O maior destaque dessa música para mim são os vários momentos em que melodia vocal e guitarra fazem os mesmos caminhos melódicos simultaneamente. A guitarra base apresenta alguns momentos mais pesados que eu acredito que soarão incríveis ao vivo. 


3- "Jardins Artificiais "

Aqui temos a influência do blues falando alto, mas um blues de harmonias ousadas é muito cromatismo. No entanto o destaque vai para os vocais, muito bacanas e que se arrisca em algumas notas mais altas e também investe um pouco no drive em algumas passagens,  com resultados muito acima do satisfatório. 


4- "O fim da Morte (Cixinesque)"

E por fim chegamos aquela que considero a melhor música do EP,  um épico com mais de 8 minutos onde tudo que apareceu nas músicas anteriores se repete aqui potencializado. Meu destaque aqui vai para a Letra, extremamente evocativa, e para a interpretação vocal, que considero aqui primorosa. É cheia de mudanças de ritmos.


Considerações Finais

Um EP excelente.  O único defeito é durar apenas 18 minutos. 

Com certeza a Saturno Prestes promete entregar muita coisa boa por aí. 


Onde ouvir: Saturno Prestes




sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Horror Punk Magazine n°10

 Eis que 1 ano depois estamos de volta, com a décima edição da Horror Punk Magazine.

Trata-se de uma edição especial focada no sobrenatural e seus estudos. Esta revista tem zero pretensão de ser um estudo aprofundado do que é abordado aqui. Na verdade, surgiu como uma simples brincadeira de escrita, em que fui colocando de forma sucinta tudo que me fascina dentro do tema.

Isso aqui é um fanzine, sem qualquer pretensão além de lhe entreter por algum tempo.

Seria esse o retorno definitivo da revista?

Dificil dizer. Como bom amante do caos criativo, acho que vou deixar sempre em aberto e quando der vontade lançarei novas edições, sem muito compromisso com datas e periodicidade.

Enfim, é isso!

Um 2024 repleto de Horror para vocês.

TLHP GRAVEYARD

Link: Horror Punk Magazine n°10

terça-feira, 12 de setembro de 2023

RESENHA: Carniceiros de Aço - Meretrizes de Satan

 Olá!

Hoje venho com o álbum "Meretrizes de Satan", lançado em 2017 pela banda carioca Carniceiros de Aço.

Ponto Alto

O grupo mostra muitas qualidades ao longo de todo disco, mas para mim o maior trunfo da banda é o quão bem eles conseguem contar histórias através de seu som e principalmente através de suas letras.

Cada música é como assistir um filme, de tão vivido que é cada descrição. Em menos de 3 minutos entendemos toda a história contada e mais: as vezes até simpatizamos com os personagens.

O ponto alto disso se dá na música título, onde conhecemos as terríveis Meretrizes, implacáveis espalhando o horror em nome do Cramunhão.

"Aliens" nos mostra um apocalipse alienígena onde a humanidade vira escrava de uma raça extraterrestre.

"Criatura" nos conta uma história clássica de lobisomem, e a frustrada tentativa de eliminar a criatura.

"Forjado no Inferno" aborda o medo e pavor de um serial killer à solta espalhando medo pela cidade. Um tema que se repete em "Carona da morte", com o detalhe de que a matança agora ocorre em massa, inclusive em um show - e a banda não parou de tocar.

"O Pastor de Mal", que abre o disco, aborda o líder de um culto satânico.


E o som?

A banda faz um som competente, uma mistura de punk com fortes influências de rock e até mesmo hard rock (especialmente na bateria). O vocal é bem rouco mas extremamente afinado, além de realmente criar nuances sutis ao longo da letra, algo que eu aprecio demais.

De maneira geral o som é cadenciado. Consigo ver muito fã de outros estilos, como heavy metal, curtindo facilmente o som dos Carniceiros.

A única exceção é a música "Carona da Morte", que investe numa estrutura mais pop, e surpreendentemente se dá bem também dentro dessa vertente mais leve.

Em resumo

Em resumo, um disco fácil de ser digerido e muito difícil de não gostar. A gravação é bem competente, e fez escolhas muito acertadas, como por exemplo deixar a voz em um volume de som onde é possível entender tudo que está sendo cantado facilmente.

Se me perguntassem com o que se parece o som dos Carniceiros, eu diria que é um mix de Zumbis do Espaço com Motorhead, na melhor fase de ambas as bandas.

"Meretrizes de Satan" é um monumento do horror punk brasileiro.

E se vc quiser ouvir, só colar aqui:

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

RESENHA: Os Medonhos - Me Tornei Outro Ser

 Olá, pessoal, tudo bem?

É com grande alegria que hoje apresento uma resenha desse disco maravilhoso da banda Pernambucana "Os Medonhos". O Álbum foi gravado em 2005, e é impressionante como mantém o frescor depois de quase 18 anos. Envelheceu bem demais isso aqui!

Não vou negar: Esse disco entre fácil no meu Top 5 de discos favoritos de Horror Punk de TODOS OS TEMPOS.

Já escutei esse disco dezenas de vezes e não consigo achar um único defeito, e nem parar de ouvir até que chegue a última música.

Vamos começar falando do aspecto técnico do disco: a gravação é ótima e o timbre escolhido para cada instrumento é certeiro. O som de bateria e de guitarra aqui é EXATAMENTE o que as composições pediam. Foram escolhas de timbres e tonalidades muito bem feitas. Os músicos são extremamente competentes, pois por trás da aparente "bagaceira sonora" (no bom sentido) temos musicas bem difíceis de serem executadas. A bateria faz viradas diferentes em todas as músicas, a guitarra faz riffs extremamente rápidos sem nunca deixar o cronômetro para trás. E o vocal é agressivo na medida certa.

Agora vamos as músicas.

O disco abre com "Ataque dos Vermes Malditos", a mais "leve" do disco e uma excelente faixa de abertura. Além, claro, de falar de um dos meus filmes favoritos.

"Medonhos Mutantes" poderia ser facilmente eleita a música mais grudenta da história do Horror Punk BR, com uma melodia maravilhosa e uma letra bem humorada que é impossível não sair cantando antes que a primeira audição termine. E mesmo sendo uma melodia simples, acontece uma modulação totalmente inesperada, que consegue dar um colorido bem legal, sem mudar nada na estrutura. Em resumo, Uma obra prima.

"Onde está seu Poder" é o caos em forma de Horror Punk! Uma pancada certeira, rápida, agressiva, com um vocal insano...que composição, senhoras e senhores, que composição!

"Mentes Insanas" é minha favorita, com mudanças de ritmo constantes, uma certa influência de rock clássico e o vocal com uma impostação fodástica. O trampo de guitarra aqui é irrepreensível.

"Minha Amada" traz influências de Country music, mas dentro de uma roupagem bem punk. E com um refrão maravilhosamente cantado, além de uma mudança brusca que do nada acrescenta elementos de baladas rockabilly ao som. Uma composição complexa e bem realizada.

"Pânico", "Você tem medo de Quê" e Inconsciência Maligna II" entram de cabeça no punk mais visceral. O refrão de "Você tem medo de Quê" fica na sua cabeça muito tempo depois que a música acaba. E "Inconsciência Maligna II" trás fortes elementos de Heavy Metal (ao menos na guitarra), e um "quê" de Motorhead...

E o disco se encerra com uma versão from hell de "Onde está o seu Poder", como se a versão original não fosse caótica o suficiente! E por fim uma faixa bônus chamada "O Herói", outra excelente composição (mas realmente um pouco abaixo das outras).

Em resumo: Um disco que beira a perfeição. Se tivesse que apontar um único defeito, seria o de durar apenas 26 minutos.

Essa é uma escuta OBRIGATÓRIA para todo fã de Horror Punk BR!

Onde escutar? Aqui:



sábado, 9 de setembro de 2023

RESENHA: Nekrotério - Surf in Nekrópolis

 E hoje vamos analisar o álbum de 2016 da banda mineira Nekrotério. A banda faz um horror punk pesadíssimo com vocais quase guturais e com influências de psychobilly e surf music.

O disco possui 14 faixas, sendo uma delas um bonus track com um cover de Saturday Night do Misfits.

O disco começa com uma faixa instrumental calcada na Surf music e no psychobilly. É uma introdução bem interessante, pois embora não possua letra, existem alguns gritos e grunhidos ao longo dela que realmente remetem a uma atmosfera de horror.

Em seguida temos "Vestígios na mesa de nekrópsia", onde escutamos de fato todas as características da banda: um som extremamente pesado, guiado pela guitarra e com mudanças bem interessantes de andamento ao longo da canção. Essa musica tem um solo de guitarra caótico que surpreendentemente se encaixa muito bem no conjunto da obra. O vocal é grave, quase gutural na maior parte do tempo. Eu gostei muito do vocal, pena que nessa música as vezes ele fica com um som baixo, tornando difícil de entender o que está sendo cantado. Mas nada que estrague a audição.

A terceira música é "Psycho Girl", uma música cantada em inglês. Essa faixa é muito bacana e não fica a dever em nada ao horror punk cantado em inglês que está sendo feito lá fora.

"Possessão" vem logo na sequência, e tome mais porrada. O refrão é grudento e é difícil não cantar junto logo na segunda vez.

"Mortos Vivos à solta por aí" traz de volta a influência do psychobilly, mas um psychobilly pesadíssimo. Possui um riff de guitarra no refrão que é memorável.

E aí seguimos com uma série de musicas muito boas.

Em um certo momento temos "Contos do Nekrotério", que eu considero a melhor música do disco.

Em resumo: o disco todo é muito bem composto e tocado. A bateria é precisa, a guitarra é bem criativa, o baixo faz o que tem que fazer e tudo funciona muito bem junto.

A produção é boa e acertou em cheio em deixar o som mais "áspero" que combinou bastante com a identidade da banda. Um som mais cristalino iria soar deslocado (isso, claro, é minha opinião).

Mesmo sendo 14 faixas, o disco possui pouco mais de 27 minutos. As musicas são curtas e diretas e não há tempo para "frescuras" musicais aqui. 

É um disco de horror punk que pode com certeza agradar fãs de outras vertentes de musica pesada.

Curiosidade: A música "Difunto Azedo" lembra muito a fase do Titãs do disco Titanomaquia, incluindo no final.

Você pode escutar o álbum aqui:



terça-feira, 5 de setembro de 2023

Resenha Marota: Anjos Rebeldes 4 (Uprising)

 E hoje vamos de resenha de um filme bem Underground, ainda que seja parte de uma franquia relativamente popular.

Eu confesso que desconhecia a existência dessa 4° parte (e também da 5° parte) até poucos dias atrás.

Encontrar o filme para assistir foi uma outra luta épica. Enfim, de posse do filme e com pipoca, vamos a resenha.

Continuação ou Spin-off?

Anjos Rebeldes 4 não deixa claro se é uma continuação dos anteriores ou um Spin-off totalmente independente. Ainda que a história tenha um plot totalmente novo, existem referências á personagens presentes nos filmes anteriores.

Eu particularmente encaro como um Spin-off. 

Dito isso, tentei assistir sem ficar comparando com os lançamentos que já existiam.


Qual é a história?

A história gira em torno de um tomo místico conhecido como "Lexicon da Profecia", um artefato que tem o poder de registrar o final dos tempos e o resultado da guerra nos céus. Por conta disso, tanto anjos quanto demônios (anjos Caídos) estão aqui na terra em busca de tal livro, que está de posse de uma mulher - Allison - com um passado sombrio e traumático.

O filme tem um tom investigativo, uma vez que a maioria das cenas envolvem o trabalho de um policial, irmão de Allison, e um misterioso agente federal, que mais para frente sabemos exatamente quem era. 

Novas Regras

O filme introduz algumas novas regras a franquia. Por exemplo, nos primeiros filmes cada anjo assumia uma única forma humana, que serviria como seu "avatar", por todo tempo em que ele permanecesse na Terra. 

Já aqui os anjos podem transferir as suas essências para dentro de corpos humanos. Aqui os Anjos também podem se manifestar imaterialmente com muito mais frequência.


O que tem de bom?

Olha, sendo sincero, quando fiquei sabendo que esse filme existia e fui atrás do material promocional dele, logo achei que seria uma bomba completa. E justamente por estar com as expectativas lá embaixo, tive algumas boas surpresas.

O elenco é surpreendentemente bom. São bons atores em interpretações dignas. Algumas cenas inclusive são salvas por esse fator.

Em segundo lugar, o plot original é interessante realmente. Lembra os filmes anteriores sem parecer um Reboot. 

Outro ponto positivo é a locação. O filme se passa em Bucareste, na Romênia, um lugar MUITO bonito e com uma aura de mistério que contribui muito para dar ao filme um ar místico.


O que tem de ruim?

Algumas coisas no roteiro ficam confusas. Por exemplo, um dos anjos é chamado de "Simon", e não fica claro se é o mesmo "Simon" que aparece no primeiro filme.

A direção é um pouco insegura e fica só no básico, deixando cenas que poderiam ser bem dinâmicas (ou simplesmente bonitas) um pouco apagadas.

E o final é totalmente inconclusivo. Mas esse último aspecto pode ser perdoado pois no mesmo ano foi lançado "Anjos Rebeldes 5", que continua a história exatamente onde essa termina aqui.


Balanço Geral

O filme não chega perto do original, mas TB não compromete. Dificilmente alguém irá se empolgar com ele, da mesma forma que dificilmente alguém odiará com todas as forças. O filme tem boas ideias, sendo que algumas são aproveitadas e outras não.

O capítulo 5 ajuda a entender algumas coisas que ficaram soltas aqui, então vou me aprofundar mais na resenha deste.

Nota: 6/10

sábado, 2 de setembro de 2023

O que o Horror Punk BR trouxe de bom para minha vida? - Texto N° 100 do blog

E chegamos ao número de 100 posts aqui no blog.
Fazer qualquer coisa 100 vezes exige um investimento de tempo grande, seja isso um trabalho ou não.

E pra comemorar, resolvi fazer texto curto respondendo a pergunta do título:

"Tarcisio, o que o Horror Punk BR trouxe de bom para você?"
Bom, meu primeiro contato com o Horror Punk brasileiro foi na virada dos 2000, quando conheci o Zumbis dos Espaço. Lembro que achei legal, mas confesso que estava em outra vibe naquela época (estava estudando musica horas e mais horas por dia, e praticamente só escutava prog metal).
O tempo passou até que por volta de 2013 eu acabei esbarrando novamente no Horror Punk BR, dessa vez através da coletânea "Isso é Horror Punk Brasil" vol.1. E os outros volumes também.
Foi aí que conheci Pesadelo Brasileiro, Nekrotério, Graboides, Difuntos, Medonhos e muitas outras. 
Inclusive é o que estou ouvindo ela enquanto escrevo isso.

Em 2014 começei a escrever para o Whiplah.net. Escrevia sobre tudo, de metal melódico à trash metal, mas também comecei a colocar uma ou outra matéria lá sobre horror punk, psychobilly e gêneros similares (esses textos ainda estão lá).

Um novo capítulo no entanto ocorreu em 2020, quando fui diagnosticado com COVID e precisei ficar de quarentena. Em 2020 ainda não existia vacina e na verdade pouco se sabia sobre o vírus. Eu tinha um bebê de 1 ano de idade, e minha esposa faz parte do grupo de risco. Resultado: Precisei fazer uma quarentena rigorosíssima. 
Com o tempo livre, comecei a procurar Horror Punk BR e foi nesses dias que conheci muitas outras coisas muito fodas, como Sertão Sangrento, Difunteria, Invasores de Tumbas, Monster Trio, BrainEaters. E aí minha cabeça explodiu de novo e virou meu estilo favorito.

E foi ouvindo o programa HORRORAMA que me veio a ideia de começar a gravar minhas músicas, e posso dizer com toda certeza que foi a melhor coisa que eu poderia fazer.

E nessa onda de produzir material veio a finada HORROR PUNK MAGAZINE, que durou 2 anos.
Graças a tudo isso, hoje tenho a honra enorme de trocar ideia com músicos que admirava imensamente e que jamais imaginaria que teria algum tipo de contato.

Poder mandar mensagem para caras como Poppeye (sertão Sangrento), Zé Máximo (Difunteria), Pinga (Pesadelo Brasileiro) e outros ainda é uma experiência surreal para mim, pois ainda continuam sendo minhas referências dentro do estilo, além de pessoas muito bacanas.

Graças aos trampos com a HORROR PUNK MAGAZINE pude aprender o básico de design gráfico, que por sua vez me permitiu começar a diagramar livros, e hoje lançar meus próprios livros e diagramar livros de terceiros virou uma das principais fontes de renda da minha família.

Tirar as músicas de ouvido das bandas que eu ouço me fez voltar a estudar musica novamente depois de quase uma década sem fazer isso.

O Horror Punk tb me fez voltar a consumir mais hqs e filmes de horror, especialmente os clássicos das décadas de 50, os filmes-B dos 70's e a trasheira da década de 80.

Na verdade eu poderia ficar até amanhã escrevendo aqui!

Um abraço e que venham mais 100 textos.


terça-feira, 29 de agosto de 2023

A Estética do HORROR PUNK

 O horror punk não é apenas um gênero musical, é também uma estética visual que transcende os palcos e se estende para o universo da arte, da moda, da cultura pop e do design. 

Marcado por uma fusão de elementos macabros, imagens sombrias e referências a filmes, livros, seriados e HQs de terror, a arte e o design dentro do horror punk desempenham um papel fundamental na criação da identidade única do nosso gênero.

De forma rápida,vamos dar uma olhada em alguns elementos.

 1. A Capa dos Álbuns como Expressão Artística

Uma das maneiras mais visíveis pelas quais a arte e o design se manifestam no horror punk é através das capas de álbuns. Essas capas muitas vezes apresentam imagens ousadas e provocativas, incorporando elementos como caveiras, zumbis, criaturas monstruosas e cenas de horror. A estética retro e a sensação DIY frequentemente presentes nas capas evocam uma atmosfera única que ecoa os clássicos filmes de terror.

 

2. Iconografia Distinta

A arte do horror punk é caracterizada por uma iconografia distinta. Símbolos como o crânio, teias de aranha e pentagramas frequentemente aparecem nas ilustrações e designs, criando uma conexão visual imediata com o gênero. Esses símbolos icônicos não apenas reforçam a estética, mas também conectam os fãs a uma comunidade unida por um visual distinto.


3. DIY e Autenticidade

Uma parte essencial da arte e do design no horror punk é a abordagem "faça você mesmo" (DIY). Muitas bandas e artistas do gênero criam suas próprias capas de álbuns, pôsteres e mercadorias, enfatizando a autenticidade e a conexão direta com sua base de fãs. Essa abordagem DIY não apenas fortalece a estética do horror punk, mas também mantém viva a tradição punk de subverter as normas estabelecidas.

 

4. A Evolução da Estética

Ao longo das décadas, a estética do horror punk passou por evoluções, incorporando influências de diferentes épocas e subculturas. Enquanto algumas bandas mantêm a estética vintage original, outras exploram interpretações modernas, introduzindo elementos contemporâneos de design e tecnologia.


 

5. Impacto Cultural Duradouro

A arte e o design no horror punk não se limitam apenas à música; eles influenciam a cultura popular de maneiras diversas. Elementos visuais do horror punk podem ser vistos em filmes, quadrinhos, moda e em tatuagens. Essa influência cultural demonstra a ressonância duradoura da estética do horror punk e sua capacidade de transcender fronteiras artísticas.

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