quinta-feira, 1 de maio de 2025

RESENHA: Riveros - Riveros

 E hoje a indicação vem na linha do mais puro punk rock/horror punk com os Riveros, banda do Rio Grande do Norte, em seu álbum de 2013.

Com muita influência de Ramones, esse disco traz toneladas de melodias embalando letras sinistraças e divertidas, com alguns solos esporádicos muito bem colocados.

De fato nesse disco a principal influência é o Ramones, mas logicamente está aqui aquele humor que vemos na primeira fase do Misfits e algumas músicas com um pequeno toque de poppy punk (o que acrescenta muito ao som).

Mas a abrangência do disco não para por aí; "Sangue, Osso e Batom", por exemplo, tem um quê de anos 50, certamente um dos destaques do disco.

Trata-se de um disco variado, onde cada musica tem suas próprias peculiaridades, indo desde músicas mais leves até outras mais agressivas (como "A Noite dos Mortos Vivos"). Em "A Cidade Demoníaca" temos praticamente uma balada (a despeito da letra ). Muito interessante.

Outro destaque são os Backing Vocals, muitas vezes em contraponto com o vocal principal...uma coisa diferenciada e acima de tudo muito bem executada.

Eis aqui o Setlist do disco:

01 - O Bando Dos Zumbis Cangaceiros 02 - Dama Da Morte 03 - À Meia-Noite Beberei Cachaça Com o Satanás 04 - Sangue, Osso e Batom 05 - A Noite Dos Mortos-Vivos 06 - O Funesto Jardim Sangrento Do Senhor P 07 - Mansão Mal Assombrada 08 - A Cidade Demoníaca 09 - O Confronto Dos Zumbis 10 - Circo Dos Horrores 11 - Morcego 12 - Orador Da Maldição

Minhas musicas favoritas são "O FUnesto Jardim Sangrento do Senhor P", Dama da Morte" e "Mansão Mal Assombrada".

Em Resumo, um disco de horror punk para quem curte variedade de canções, boas execuções e muito bom humor (negro).

Você pode ouvir o disco direto aqui:



quarta-feira, 30 de abril de 2025

RESENHA: Monster Trio - Planeta Terror

 E hoje vamos falar do Monster Trio, uma banda carioca cujo som vem sob medida para aqueles que estão procurando um horror punk rápido, pesado e ainda assim repleto de melodias grudentas.

"Planeta Terror" é o segundo disco do conjunto, lançado em 2017 (a banda foi formada em 2010), e o que temos aqui é o melhor que o horror punk pode oferecer: Musicas rápidas e sem frescuras instrumentais - são 13 faixas em pouco mais de 21 minutos, letras totalmente calcadas em clássicos dos filmes, lendas e histórias de terror e - surpreendentemente - MUITA melodia nas linhas vocais.

A produção do disco conseguiu manter um bom equilibrio entre o instrumental e a voz, o que nem sempre vemos em produções mais independentes, o que deu todo um destaque ao vocal, que é correto, direto, afinado e capaz de criar várias melodias cativantes e acima de tudo refrões que não deixarão seus ouvidos tão cedo. É possível entender o que está sendo cantado em qualquer momento e o timbre de voz é bastante agradável.

Apesar das músicas seguirem todas a mesma fórmula ( o que poderia fazer tudo soar maçante e igual), é um disco capaz de agradar do começo ao fim sem esforço, pois é um exemplo de que - quando utilizadas de forma correta - as fórmulas podem gerar obras dignas e originais à sua própria maneira.

Eis aqui o setlist do álbum::

01 - Planeta Terror 02 - Malditas Múmias 03 - O Sangue do Homem Lobo 04 - Estranha 05 - M.I.S.F.I.T.S. 06 - A Maldição da Bruxa 07 - Zumbis Comeram os Meus Vizinhos 08 - Slasher Movies 09 - As Criaturas do Espaço Sideral 10 - Serra Elétrica do Inferno 11 - A Cidade Tenta Sempre Me Matar 12 - Manny is a Monster 13 - Rádio Zumbi

As minhas múicas favoritas são Planeta Terror, M.I.S.F.I.T.S, A Maldição da Bruxa e Estranha.

Em resumo: Um disco incrível e agradabilíssimo, perfeito para qualquer fã exigente do horror punk!

Você pode escutar o disco aqui:






sexta-feira, 25 de abril de 2025

RESENHA: Carniceiros de Aço - Meretrizes de Satan

 E hoje vamos fazer a resenha do álbum de 2017 da banda carioca Carniceiros de Aço, maravilhoamente intitulado "Meretrizes de Satan".

A banda se destaca pela mistura de um punk rock extremamente pesado com uma pegada mais rock and roll. Isso fica bem claro logo na faixa inaugural, "O Pastor do Mal", que tem elementos de heavy metal, sendo uma excelente introdução ao som da banda. A gravação ajuda bastante, sendo um registro honesto, competente e que passa muito bem a energia da banda, que ao vivo deve soar maravilhosamente bem. Eu realmente gostaria de ver uma apresentação ao vivo do grupo.

Em seguida temos "Aliens", com sua temática de filme de ficção cientifica lado B, em uma música divertidissima e um refrão grudento.

"Meretrizes de Satan" não apenas dá nome ao disco como é de fato a melhor faixa do álbum. Horror punk em sua mais pura essência, direto e com muita melodia na voz.

"A Criatura" vem sob medida para quem curte o tem "lobisomem". Tem backing vocals bem legais e mais uma vez a guitarra se destaca em riffs simples porém extremamente eficientes.

"Demonios em minha mente" é a mais cadenciada do disco, talvez a mais heavy metal, com uma letra pra lá de doentia (no bom sentido).

Em oposição a cadência da musica anterior, "Forjado no Inferno" vem como uma pedrada, sendo a mais pesada e rápida do disco.

"Serial Killer Juvenil" vem novamente com aquela mistura de metal, rock e horror punk que nessa altura do campeonato já acostumou o ouvido do fã ao longo das faixas. Destaque mais uma vez para o trampo de guitarras.

"Carona da Morte II" traz de novo uma levada mais tranquila, com certas influências de rock anos 50 no instrumental.

E por fim "A Cozinha Canibal" termina o disco com uma letra provocadora e a pancada comendo solta no horror punk.

Em resumo: Um disco maravilhoso, não apenas para fãs de Horror punk, mas também para fãs de rock e metal em geral.

Você pode escutar o disco aqui:



quinta-feira, 24 de abril de 2025

RESENHA: Nekrotério - Surf in Nekrópolis

Depois de um longo e tenebroso inverno, eis que as resenhas do blog do TLHP voltaram agora, e estão voltando com tudo. 
E sem mais enrolação, vamos resenhar esse disco da banda NEKROTÉRIO, de Uberaba, Minas Gerais. O Álbum foi intitulado "Surf in Nekrópolis", e foi lançado em 2016.


Nesse disco, temos uma banda afiada, coesa e muito bem entrosada, capaz de criar composições muito sólidas e que cativam logo nas primeiras faixas. Ainda que a faixa inaugural traga um pouco de psychobilly (com um pezinho na surf music, o que remete de imediato ao título do disco) o que mais temos ao longo do disco é um horror punk/punk rock com fortes influências da fase clássica do Misfits e até dos Ramones. Em alguns momentos a guitarra e as viradas de bateria flertam um pouco com o metal, mas a tônica com certeza é o horror punk tradicional.

O vocal para mim é o grande destaque do disco, conseguindo ser bem agressivo sem perder a afinação, em alguns momentos soando gutural e em outras mais melodioso (ainda que mantenha o ódio). 

A música "Contos do Nekrotério" é para mim o grande destaque do disco, onde todas as influencias da banda são colocadas dentro do mesmo local, tendo elementos de psychobilly e até influências de Black Sabbath.

O conjunto investe tanto no português quanto no inglês, o que eu acho muito válido, ainda que fique evidente que eles se saem infinitamente melhor nas composições cantadas em nossa língua materna.

Por se tratar de um disco absurdamente coeso, fica dificil elencar as melhores faixas, mas se isso fosse realmente necessário, eu citaria as músicas "Possessão", "Tributo ao Cramunhão", "O Mal que Perdura" e a já citada "Contos do Nekrotério".

As letras são fortemente inspiradas por filmes de horror, e são do tipo que não se permitem colocar para tocar no almoço em familia com aquelas tias carolas.

Enfim, um disco que pra mim é um 10/10.

Você pode escutar o disco completo aqui:


domingo, 20 de outubro de 2024

Horror Punk Magazine 11 - VOLTAMOS DO ALÉM...

 Depois de um longo e tenebroso inverno, eis que o maior fanzine de Horror punk da América Latina retorna!

A frequência será mensal pelos próximos 6 meses. Depois, veremos.

Está disponível tanto na versão digital (gratuita) quanto na versão Física a preço de custo.


Download gratuito da versão digital: Horror Punk Magazine 11

Versão Fisica: Versão Física



sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Pós-Pandemia - Ano Um (Resenha)

 Temos aqui um disco de punk rock que flerta fortemente com aquele rock and roll mais visceral.

Tudo aqui é delicioso de se ouvir: As músicas são diretas, extremamente bem tocadas, as letras são certeiras, críticas, ácidas e sem medo de se posicionar.

Outra coisa que contribui MUITO para a experiência é a produção. Não sei porque atualmente a maioria das bandas de punk procuram uma produção que os deixa soando como um disco de Metal melódico. Mas não aqui. Aqui temos uma produção punk, no melhor sentido do termo.

E como é bom ouvir um disco de punk/Rock and roll que tem sonoridade de punk/Rock and roll!

Trata-se de um projeto familair, formado por:

Enio: guitarra/voz
Dennis: bateria/backing
Emilly: baixo/backing

Minha música favorita é "Feladaputa", pois nada me dá mais satisfação na vida do que uma música que começa com o verso:


Playboy “feladaputa”
Grana na mão
M#rda na cabeça


Ouvir isso é pra mim como tomar um banho de cachoeira. Refrescante e revigorante.


SImplesmente não há música ruim aqui. Nenhuma.

COmo destaque, também cito a música "Mais um dia", mais cadenciada, com uma pegada meio stoner anos 70 e um bateria insanamente pesada.E a música "Nenhum Político Presta" virou meu hino, tradução exata do que eu penso sobre política.

Enfim, o melhor disco que escutei em 2024 até agora, e vai ser difícil alguma banda superar isso aqui!


terça-feira, 17 de setembro de 2024

DIFUNTERIA - Messias Negativo (Álbum - 2024) - RESENHA

 E eis que em setembro de 2024, em uma sexta feira 13, somos brindados com um novo disco da banda Difunteria. E olhe que sacada genial da banda: contendo 13 faixas.

A banda, fundada em 2015, já havia produzido o incrível e pesado "Todo Mal" de 2017. Foram 7 anos de espera, mas já adianto que valeu a pena cada segundo.

Juntamente com a banda Sertão Sangrento, o Difunteria é hoje, em minha humilde opinião, o grande expoente da cena horror punk nacional.

Mas vamos deixar de enrolação e ir direto ao disco.


A capa

Vamos começar com uma rápida análise da apresentação visual do novo trabalho.

Trata-se de mais uma grande arte do André Honorato, um ícone do visual horror punk nacional.

 Trazendo uma abordagem que faz referência às antigas HQs dos anos 50, 60 e 70 dentro do horror, bem como de pôsters de filmes-B, temos uma capa e um titulo que pode ser interpretado dentro de vários pontos de vista diferentes. Aparentemente temos uma seita religiosa zumbizenta sendo liderada por alguém no mínimo duvidoso. Podemos extender essa análise para um lado mais sobrenatural, ou para um lado realmente religioso, ou ainda para o aspecto político...são muitas camadas de interpretação, algo que vai se refletir muitos nas letras ao longo de todo album.


O disco - Parte Técnica

Todos os aspectos técnicos do album estão primorosos. A qualidade de gravação é incrivel, e isso sem perder a crueza que o punk NECESSITA. 

Um das minhas críticas a bandas como Blitzkid e até mesmo o Misfits atual é que eles fazem uma produção tão limpa (especialmente Blitzkid) que acaba deixando totalmente de lado o "punk" do horror punk.

Isso COM CERTEZA não acontece aqui. O punk está em cada power chord tocado, em cada letra cantada com raiva ou força. Isso é bom demais.


As Músicas

O álbum abre com a paulada "Messias/Cain/Carnificina", uma escolha certeira, pesada, direta, com um vocal raivoso e backing vocals muito bem colocados. Temos aqui um resumo do que veremos ao longo de todo o disco: peso, letras que glorificam o horror (no bom sentido), mudanças de andamento muito interessantes e composições sólidas.

Depois dessa vem só sonzeira, em composições com a mesma qualidade da faixa de abertura. Eu citaria "Paletó de Pele Humana" como sendo a mais criativa e diferente, com vocais bem diferentes dos usuais, passagens mais lentas e um clima muito divertido; Essa formula também estará em "Plano B", essa com influências de Heavy Metal e muito groove. 


Destaques

Os vocais raivosos e a bateria frenética e cheia de variações e ritmos são com certeza os grandes destaques aqui. Contudo as cordas são competentes e fazem o que tinha que ser feito.


O que falta?

O que falta é a banda vir fazer som aqui em Rio Claro. De resto, nota 10!


Tracklist:
1- Messias/Cain/Carnificina

2- Possessão

3- Toda Cidade

4- Menino Lobo

5- Paletó de Pele Humana

6- Ciborgue

7- Plano B

8- Do Inferno

9- Violência

10- Livro dos Mortos

11- Missionário da Destruição

12- O Mal está Comigo

13- Início do Fim


Músicos:


Vocal: Zé Máximo
Guitarra: João Gilberto Máximo
Baixo: Kleber Moraes
Bateria: Elaino Pereira



quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Twilight Warrior - Legendary Tales of the Forgotten Lands - Parte 2 (Resenha)

 E temos aqui uma resenha que se parece como qualquer outra que eu já tenha feita, mas só "parece".

Esse disco do projeto Twilight Warror, lançado pelo Selo Iron Forge AI-Records tem uma peculiaridade muito especial: Trata-se de um disco todo feito com IA - Inteligência Artificial.

Logicamente a primeira reação de um artista é renegar e demonizar esse tipo de trabalho sem se dar ao trabalho de sequer ouvir. 

No meu caso especificamente, que já fui inclusive premiado pelo  Bandcamp (o maior site de musica independente do mundo) por conta de minhas gravações 100% artesanais, caseiras e feitas da forma mais "manual" possível, seria esperado que eu agisse dessa forma.

Mas eu ADORO fugir do óbvio.

Então decidi analisar esse disco apenas MUSICALMENTE, e levando apenas fatores composicionais, harmônicos e melódicos em consideração.

Então Vamos lá.

O Estilo

Como o nome do projeto e do disco entregam, se trata de um disco de Power metal que aborda temas de fantasia medieval tanto em suas letras como em sua sonoridade. Um tipo de "RPG METAL".

Como comparação, eu diria que o projeto se assemelha muito as bandas Twilight Force, Rhapsody of Fire e Blind Guardian.

São 20 músicas em quase 80 minutos de álbum.


As Composições


Como eu falei, estou analisando apenas o aspecto harmonico e melódico do trabalho.


POSITIVO

As melodias são incríveis. Algumas são tão boas quanto aquelas presentes em albuns das bandas citadas. Elas são todas épicas e cheias de referências ao imaginário fantástico. Algumas linhas vocais empolgam muito, como na terceira musica, "Keepers of the Seven Seas", talvez a melhor música do disco e tão boa quanto os melhores momentos do Rhapsody.

O instrumental soa perfeito. Todos os instrumentos estão com timbres bem escolhidos e sinceramente? É impossivel distinguir isso de uma execução humana. Se você não souber que se trata de IA, não vai ser analisando o instrumental que você irá descobrir.

Um destaque especial são os coros e os backing vocals. Soam maravilhosamente bem.


NEGATIVO

O principal ponto negativo é que a maioria das músicas possue estruturas repetitivas. Se elas fossem 1 ou 2 minutos mais curtas, estaria ótimo, mas algumas se extendem muito além da conta, tornando a escuta marcante depois de 10 ou 11 músicas.

Outro ponto que merece melhorias são os vocais. Ainda que o coros e os backings sejam ótimos, o vocal principal, ainda que soe extremamente afinado e tenha um timbre muito legal para o estilo escolhido, ainda soa como se tivesse passado por muitas sessões de AutoTune. Isso não necessariamente faz parecer feito por uma IA, uma vez que muitas bandas reais usam auto tune; mas certamente faz com que pareça um pouco aritficial, ainda que eu acredite que só ouvidos mais treinados conseguiriam perceber isso.

As composições são boas. Eu gostei de todas as músicas.


Contudo, ainda falta um tanto para que tenha a mesma consistência e o equilibrio que bandas de grandes músicos apresentam. 


O BALANÇO GERAL

O computo final é positivo. É impressionante saber que uma IA já é capaz de criar algo assim, apenas 3 anos depois que essa tecnologia surgiu para o grande público.

Afirmo com muita convicção que em 4 ou 5 anos será impossível distinguir se uma composição é feita por humanos ou por IA apenas escutando e identificando elementos, mesmo ouvidos treinados e músicos profissionais serão incapazes de dizer com certeza.


Nota: 07/10


quarta-feira, 15 de maio de 2024

Official Release: Dominiam - Contos & Lendas (Dungeon Synth Full Album)

 I am proud to announce that my New dungeon synth album was released yesterday.

Title: Dominiam - Contos & Lendas

Setlist:

1- A Batalha da Fonte e o Ocaso dos Elfos, Orcs e Anões 00:01

2- A Dríade da Floresta de Oolodan 03:51

3- A Profecia das 4 Crianças 07:39

4- Os Bardos Conjuradores de Atreya 10:54

5- O Necromante da Colina Cinza 13:40

6- O Castelo Gélido da Bruxa Sombria 18:02

7- Memórias dos Heróis das Antigas Eras 20:49

8- A Sagrada Missão dos Andarilhos de Dominiam 24:24

9- Ecos de Moorna-Sunn e suas Névoas 26:37


All songs composed by Tarcisio Lucas.

Recorded between march 1st and may 14th, 2024. Rio Claro - São Paulo,  Brazil.

Listen to here: 


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Resenha: Nemedian Chronicles - The Savage Sword (2024)

 E hoje, dia 28 de fevereiro de 2024, venho resenhar um disco que foi oficialmente lançado apenas 5 dias atrás e para mim já é o mais provável disco do ano: "The Savage Sword", da banda francesa "Nemedian Chronicles. Um disco de metal para superar esse aqui terá que ser sobrenaturalmente bom.

Como fica totalmente escancarado pela capa, pelo nome da banda e pelo titulo do álbum, trata-se de uma banda com temática 100% voltada para o famoso bárbaro criado por Robert E. Howard, o cimério Conan, o bárbaro.

É perceptível que a banda entrou fundo no imaginário mundo da era Hiboriana para criar seu som.

Musicalmente, temos aqui um som épico, poderoso e absurdamente bem feito. A referência mais imediata é sem sombra de dúvida o Blind Guardian em seus primeiros discos. O timbre do vocal em certos momentos lembra assustadoramente a voz de Hansi Kursch, e as guitarras também bebem nervosamente da fonte dos bardos alemães.

Mas seria uma injustiça enorme se dissermos que se trata de uma mera "cópia". Diria até que esse disco supera vários do BG. Ao lado de Blind Guardian, temos influências do lado épico do Manowar. Hammerfall também pode ser apontado como uma das bandas referenciadas aqui.

Além disso, vários elementos do heavy metal europeu dos anos 80 pipocam aqui e ali. Então se além das bandas já citadas você curte Running Wild, Grave Digger e Saxon (entre muitas outras), a chance de você se sentir em casa é enorme!

Após uma introdução épica em que um dos textos mais famosos de Howard é recitado tendo como fundo um arranjo orquestral claramente inspirado na trilha sonora original do filme classico com o big Arnold, temos "Born on a Battlefield", uma música tão perfeitamente cantada, composta e executada que beira o ridículo.

"The Thing in the Crypt" vem adicionar mais peso ao som, e talvez seja essa a que mais lembra Blind Guardian, em seus melhores momentos, diga-se de passagem. A bateria nessa música é insana.

Em seguida temos "Tower of the Elephant", baseada na obra mais famosa do personagem. Esta é mais cadenciada, com FORTES influências de Manowar. O refrão só não é mais épico porque não é o próprio Conan cantando.

Na verdade eu poderia ficar aqui comentando uma por uma das faixas do album, mas fato é que seria chover no molhado; simplesmente a qualidade se mantém constante e nenhum momento é desinteressante.

Como disse: Dúvido que algum disco lançado esse ano dentro do cenário do metal consiga superar o que esse aqui faz.

Nota: 1000/10

Tracklist:
1. Nemedian Chronicles
2. Born on a Battlefield
3. Venarium
4. The Thing in the Crypt
5. Tower of the Elephant
6. Tigress of the Black Coast
7. The Savage Sword
8. Monsterslayer
9. Black Lotus/The Curse of Thog
10. Stygian Sons of Set
11. The Song of Red Sonja
12. Road of the Kings

Lineup: Alexandre Duffau - Vocals David Royer - Guitars Thomas Teissedre - Guitars Guillaume Lefebvre - Bass
Guillaume Rodriguez - Drums


terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Resenha: Trail of Tears - Disclosure in Red (1998)

 A banda norueguesa Trail of Tears entre trancos e barrancos continua na ativa até os dias atuais, tendo atravessado muitas mudanças, tanto de formação quanto de sonoridade.

A banda surgiu no momento em que a música melancólica estava em alta, e bandas como Paradise Lost, Tiamat, Anathema, Katatonia, Amorphis e tantas outras eram figuras recorrentes no cenário do metal mundial. 

O lado mais sinfônico do gothic metal também estava em um momento de muito reconhecimento, e bandas como Theatre of Tragedy estavam em alta, e um ano antes o Tristania havia lançado o maravilhoso WIdow's Weed.

No entanto, o Trail of Tears já nesse primeiro disco apresentaria a característica que o faria diferente dessas outras citadas: O peso.

Sem sombra de duvidas, o Trail of Tears era a banda mais pesada dessa leva do Gothic metal noventista, colocando ao lado do metal sinfonico e dos vocais operísticos altas doses de death metal e até mesmo trechos que remetiam ao black metal. As guitarras apresentavam uma distorção absurda, e o vocal masculino gutural era muito mais cavernoso do que o que faziam as outras bandas de alguma forma similares. Coloque aí algumas influencias de metal tradicional, e temos o Trail of Tears.

No Brasil, a banda se tornou conhecida pois a primeira musica desse disco, "When Silent Cries" entrou em uma das edições da saudosa coletanea "Planet Metal", cds vendidos em bancas de jornal a um preço muito acessível e que foram a porta de entrada de muitas novas bandas em nossas terras. 

Eu me lembro inclusive que foi essa - When Silent Cries - a primeira música de Gothic metal com alternância de vocais femininos com guturais que eu escutei na vida. Lembro de achar o som excessivamente pesado (na epoca, eu ouvia muito rock progressivo dos anos 70...imagina alguèm acostumado a ouvir YES se deparar com Trail of Tears pela primera vez!).

No entanto, gostei muito do clima soturno e vampiresco, que remetia aos livros da Anne Rice qe eu estava lendo naquela época.

Esse disco é muito bom. Ele mantem uma boa homogeneidade entre peso e melodia. Um outro ponto curioso é que de maneira geral a banda apresenta aqui andamentos um pouco mais acelerados do que seria tradicional no estilo. Outro fator MUITO interessante é o uso de violões limpos em algumas passagens. Violão nunca caiu muito nas graças da galera do gothic metal, e o Trail of Tears mostrava que um violão bem tocado podia ser tão melancólico quanto arpejos funebres no piano.

A vocalista aqui é Helena Iren Michaelsen, que infelizmente não duraria muito na banda. Ela alterna vocais operísticos com outros mais tradicionais, e ainda em alguns trechos de uma forma mais teatral. Ainda que ela dê algumas escorregadas em uma melodia ou outra, fato é que o timbre de voz casa perfeitamente com o som da banda e cria um contraste interessante com o vocal gutural de Rony Thorsen.

Curiosidade: Rony Thorsen substituiria Morten Veland no Tristania quando esse saiu para montar o Sirenia.

Esse disco mantém a qualidade do inicio ao fim. Em alguns momentos, como na música Illusion a guitarra faz riffs que não vemos em nenhuma outra banda de gothic metal.

Apesar da melancolia, dos teclados onipresentes e da brilhante participação adocicada de Irene, verdade é que "Disclosure in Red" pode soar excessivamente pesado para ouvidos menos acostumados.

De maneira geral a maioria dos fãs consideram o terceiro disco, "A New Dimension of Might" o ponto alto da qualidade da banda.

Eu contudo confesso que considero esse e o disco seguinte, "Profoundemonium" duas obras primas, que trouxeram frescor a cena gothic metal mundial, que apesar do sucesso iria "colapsar" devido ao exagero de bandas que soavam de alguma forma muito semelhantes demais entre si.

Acredito que é justamente essas caracteristicas peculiares que garantiram a sobrevida do conjunto. Enquanto várias bandas clássicas da cena encerraram há muito suas atividades (Tristania, Theatre of Tragedy, The Sins of Thy Beloved e dezenas de outras), o Trail of Tears segue firme e forte(apesar de um hiato entre 2013 e 2020).

Line up da banda no disco:

Ronny ThorsenVocals (harsh), Lyrics
Helena Iren MichaelsenVocals (contralto), Lyrics
Runar HansenGuitars (lead)
Terje HeiseldalGuitars (rhythm)
Kjell R. HagenBass
Frank Roald HagenKeyboards
Jonathan PerezDrums, Percussion


Nota: 9,5/10

RESENHA: Riveros - Riveros

 E hoje a indicação vem na linha do mais puro punk rock/horror punk com os Riveros, banda do Rio Grande do Norte, em seu álbum de 2013. Com ...