domingo, 20 de outubro de 2024

Horror Punk Magazine 11 - VOLTAMOS DO ALÉM...

 Depois de um longo e tenebroso inverno, eis que o maior fanzine de Horror punk da América Latina retorna!

A frequência será mensal pelos próximos 6 meses. Depois, veremos.

Está disponível tanto na versão digital (gratuita) quanto na versão Física a preço de custo.


Download gratuito da versão digital: Horror Punk Magazine 11

Versão Fisica: Versão Física



sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Pós-Pandemia - Ano Um (Resenha)

 Temos aqui um disco de punk rock que flerta fortemente com aquele rock and roll mais visceral.

Tudo aqui é delicioso de se ouvir: As músicas são diretas, extremamente bem tocadas, as letras são certeiras, críticas, ácidas e sem medo de se posicionar.

Outra coisa que contribui MUITO para a experiência é a produção. Não sei porque atualmente a maioria das bandas de punk procuram uma produção que os deixa soando como um disco de Metal melódico. Mas não aqui. Aqui temos uma produção punk, no melhor sentido do termo.

E como é bom ouvir um disco de punk/Rock and roll que tem sonoridade de punk/Rock and roll!

Trata-se de um projeto familair, formado por:

Enio: guitarra/voz
Dennis: bateria/backing
Emilly: baixo/backing

Minha música favorita é "Feladaputa", pois nada me dá mais satisfação na vida do que uma música que começa com o verso:


Playboy “feladaputa”
Grana na mão
M#rda na cabeça


Ouvir isso é pra mim como tomar um banho de cachoeira. Refrescante e revigorante.


SImplesmente não há música ruim aqui. Nenhuma.

COmo destaque, também cito a música "Mais um dia", mais cadenciada, com uma pegada meio stoner anos 70 e um bateria insanamente pesada.E a música "Nenhum Político Presta" virou meu hino, tradução exata do que eu penso sobre política.

Enfim, o melhor disco que escutei em 2024 até agora, e vai ser difícil alguma banda superar isso aqui!


terça-feira, 17 de setembro de 2024

DIFUNTERIA - Messias Negativo (Álbum - 2024) - RESENHA

 E eis que em setembro de 2024, em uma sexta feira 13, somos brindados com um novo disco da banda Difunteria. E olhe que sacada genial da banda: contendo 13 faixas.

A banda, fundada em 2015, já havia produzido o incrível e pesado "Todo Mal" de 2017. Foram 7 anos de espera, mas já adianto que valeu a pena cada segundo.

Juntamente com a banda Sertão Sangrento, o Difunteria é hoje, em minha humilde opinião, o grande expoente da cena horror punk nacional.

Mas vamos deixar de enrolação e ir direto ao disco.


A capa

Vamos começar com uma rápida análise da apresentação visual do novo trabalho.

Trata-se de mais uma grande arte do André Honorato, um ícone do visual horror punk nacional.

 Trazendo uma abordagem que faz referência às antigas HQs dos anos 50, 60 e 70 dentro do horror, bem como de pôsters de filmes-B, temos uma capa e um titulo que pode ser interpretado dentro de vários pontos de vista diferentes. Aparentemente temos uma seita religiosa zumbizenta sendo liderada por alguém no mínimo duvidoso. Podemos extender essa análise para um lado mais sobrenatural, ou para um lado realmente religioso, ou ainda para o aspecto político...são muitas camadas de interpretação, algo que vai se refletir muitos nas letras ao longo de todo album.


O disco - Parte Técnica

Todos os aspectos técnicos do album estão primorosos. A qualidade de gravação é incrivel, e isso sem perder a crueza que o punk NECESSITA. 

Um das minhas críticas a bandas como Blitzkid e até mesmo o Misfits atual é que eles fazem uma produção tão limpa (especialmente Blitzkid) que acaba deixando totalmente de lado o "punk" do horror punk.

Isso COM CERTEZA não acontece aqui. O punk está em cada power chord tocado, em cada letra cantada com raiva ou força. Isso é bom demais.


As Músicas

O álbum abre com a paulada "Messias/Cain/Carnificina", uma escolha certeira, pesada, direta, com um vocal raivoso e backing vocals muito bem colocados. Temos aqui um resumo do que veremos ao longo de todo o disco: peso, letras que glorificam o horror (no bom sentido), mudanças de andamento muito interessantes e composições sólidas.

Depois dessa vem só sonzeira, em composições com a mesma qualidade da faixa de abertura. Eu citaria "Paletó de Pele Humana" como sendo a mais criativa e diferente, com vocais bem diferentes dos usuais, passagens mais lentas e um clima muito divertido; Essa formula também estará em "Plano B", essa com influências de Heavy Metal e muito groove. 


Destaques

Os vocais raivosos e a bateria frenética e cheia de variações e ritmos são com certeza os grandes destaques aqui. Contudo as cordas são competentes e fazem o que tinha que ser feito.


O que falta?

O que falta é a banda vir fazer som aqui em Rio Claro. De resto, nota 10!


Tracklist:
1- Messias/Cain/Carnificina

2- Possessão

3- Toda Cidade

4- Menino Lobo

5- Paletó de Pele Humana

6- Ciborgue

7- Plano B

8- Do Inferno

9- Violência

10- Livro dos Mortos

11- Missionário da Destruição

12- O Mal está Comigo

13- Início do Fim


Músicos:


Vocal: Zé Máximo
Guitarra: João Gilberto Máximo
Baixo: Kleber Moraes
Bateria: Elaino Pereira



quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Twilight Warrior - Legendary Tales of the Forgotten Lands - Parte 2 (Resenha)

 E temos aqui uma resenha que se parece como qualquer outra que eu já tenha feita, mas só "parece".

Esse disco do projeto Twilight Warror, lançado pelo Selo Iron Forge AI-Records tem uma peculiaridade muito especial: Trata-se de um disco todo feito com IA - Inteligência Artificial.

Logicamente a primeira reação de um artista é renegar e demonizar esse tipo de trabalho sem se dar ao trabalho de sequer ouvir. 

No meu caso especificamente, que já fui inclusive premiado pelo  Bandcamp (o maior site de musica independente do mundo) por conta de minhas gravações 100% artesanais, caseiras e feitas da forma mais "manual" possível, seria esperado que eu agisse dessa forma.

Mas eu ADORO fugir do óbvio.

Então decidi analisar esse disco apenas MUSICALMENTE, e levando apenas fatores composicionais, harmônicos e melódicos em consideração.

Então Vamos lá.

O Estilo

Como o nome do projeto e do disco entregam, se trata de um disco de Power metal que aborda temas de fantasia medieval tanto em suas letras como em sua sonoridade. Um tipo de "RPG METAL".

Como comparação, eu diria que o projeto se assemelha muito as bandas Twilight Force, Rhapsody of Fire e Blind Guardian.

São 20 músicas em quase 80 minutos de álbum.


As Composições


Como eu falei, estou analisando apenas o aspecto harmonico e melódico do trabalho.


POSITIVO

As melodias são incríveis. Algumas são tão boas quanto aquelas presentes em albuns das bandas citadas. Elas são todas épicas e cheias de referências ao imaginário fantástico. Algumas linhas vocais empolgam muito, como na terceira musica, "Keepers of the Seven Seas", talvez a melhor música do disco e tão boa quanto os melhores momentos do Rhapsody.

O instrumental soa perfeito. Todos os instrumentos estão com timbres bem escolhidos e sinceramente? É impossivel distinguir isso de uma execução humana. Se você não souber que se trata de IA, não vai ser analisando o instrumental que você irá descobrir.

Um destaque especial são os coros e os backing vocals. Soam maravilhosamente bem.


NEGATIVO

O principal ponto negativo é que a maioria das músicas possue estruturas repetitivas. Se elas fossem 1 ou 2 minutos mais curtas, estaria ótimo, mas algumas se extendem muito além da conta, tornando a escuta marcante depois de 10 ou 11 músicas.

Outro ponto que merece melhorias são os vocais. Ainda que o coros e os backings sejam ótimos, o vocal principal, ainda que soe extremamente afinado e tenha um timbre muito legal para o estilo escolhido, ainda soa como se tivesse passado por muitas sessões de AutoTune. Isso não necessariamente faz parecer feito por uma IA, uma vez que muitas bandas reais usam auto tune; mas certamente faz com que pareça um pouco aritficial, ainda que eu acredite que só ouvidos mais treinados conseguiriam perceber isso.

As composições são boas. Eu gostei de todas as músicas.


Contudo, ainda falta um tanto para que tenha a mesma consistência e o equilibrio que bandas de grandes músicos apresentam. 


O BALANÇO GERAL

O computo final é positivo. É impressionante saber que uma IA já é capaz de criar algo assim, apenas 3 anos depois que essa tecnologia surgiu para o grande público.

Afirmo com muita convicção que em 4 ou 5 anos será impossível distinguir se uma composição é feita por humanos ou por IA apenas escutando e identificando elementos, mesmo ouvidos treinados e músicos profissionais serão incapazes de dizer com certeza.


Nota: 07/10


quarta-feira, 15 de maio de 2024

Official Release: Dominiam - Contos & Lendas (Dungeon Synth Full Album)

 I am proud to announce that my New dungeon synth album was released yesterday.

Title: Dominiam - Contos & Lendas

Setlist:

1- A Batalha da Fonte e o Ocaso dos Elfos, Orcs e Anões 00:01

2- A Dríade da Floresta de Oolodan 03:51

3- A Profecia das 4 Crianças 07:39

4- Os Bardos Conjuradores de Atreya 10:54

5- O Necromante da Colina Cinza 13:40

6- O Castelo Gélido da Bruxa Sombria 18:02

7- Memórias dos Heróis das Antigas Eras 20:49

8- A Sagrada Missão dos Andarilhos de Dominiam 24:24

9- Ecos de Moorna-Sunn e suas Névoas 26:37


All songs composed by Tarcisio Lucas.

Recorded between march 1st and may 14th, 2024. Rio Claro - São Paulo,  Brazil.

Listen to here: 


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Resenha: Nemedian Chronicles - The Savage Sword (2024)

 E hoje, dia 28 de fevereiro de 2024, venho resenhar um disco que foi oficialmente lançado apenas 5 dias atrás e para mim já é o mais provável disco do ano: "The Savage Sword", da banda francesa "Nemedian Chronicles. Um disco de metal para superar esse aqui terá que ser sobrenaturalmente bom.

Como fica totalmente escancarado pela capa, pelo nome da banda e pelo titulo do álbum, trata-se de uma banda com temática 100% voltada para o famoso bárbaro criado por Robert E. Howard, o cimério Conan, o bárbaro.

É perceptível que a banda entrou fundo no imaginário mundo da era Hiboriana para criar seu som.

Musicalmente, temos aqui um som épico, poderoso e absurdamente bem feito. A referência mais imediata é sem sombra de dúvida o Blind Guardian em seus primeiros discos. O timbre do vocal em certos momentos lembra assustadoramente a voz de Hansi Kursch, e as guitarras também bebem nervosamente da fonte dos bardos alemães.

Mas seria uma injustiça enorme se dissermos que se trata de uma mera "cópia". Diria até que esse disco supera vários do BG. Ao lado de Blind Guardian, temos influências do lado épico do Manowar. Hammerfall também pode ser apontado como uma das bandas referenciadas aqui.

Além disso, vários elementos do heavy metal europeu dos anos 80 pipocam aqui e ali. Então se além das bandas já citadas você curte Running Wild, Grave Digger e Saxon (entre muitas outras), a chance de você se sentir em casa é enorme!

Após uma introdução épica em que um dos textos mais famosos de Howard é recitado tendo como fundo um arranjo orquestral claramente inspirado na trilha sonora original do filme classico com o big Arnold, temos "Born on a Battlefield", uma música tão perfeitamente cantada, composta e executada que beira o ridículo.

"The Thing in the Crypt" vem adicionar mais peso ao som, e talvez seja essa a que mais lembra Blind Guardian, em seus melhores momentos, diga-se de passagem. A bateria nessa música é insana.

Em seguida temos "Tower of the Elephant", baseada na obra mais famosa do personagem. Esta é mais cadenciada, com FORTES influências de Manowar. O refrão só não é mais épico porque não é o próprio Conan cantando.

Na verdade eu poderia ficar aqui comentando uma por uma das faixas do album, mas fato é que seria chover no molhado; simplesmente a qualidade se mantém constante e nenhum momento é desinteressante.

Como disse: Dúvido que algum disco lançado esse ano dentro do cenário do metal consiga superar o que esse aqui faz.

Nota: 1000/10

Tracklist:
1. Nemedian Chronicles
2. Born on a Battlefield
3. Venarium
4. The Thing in the Crypt
5. Tower of the Elephant
6. Tigress of the Black Coast
7. The Savage Sword
8. Monsterslayer
9. Black Lotus/The Curse of Thog
10. Stygian Sons of Set
11. The Song of Red Sonja
12. Road of the Kings

Lineup: Alexandre Duffau - Vocals David Royer - Guitars Thomas Teissedre - Guitars Guillaume Lefebvre - Bass
Guillaume Rodriguez - Drums


terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Resenha: Trail of Tears - Disclosure in Red (1998)

 A banda norueguesa Trail of Tears entre trancos e barrancos continua na ativa até os dias atuais, tendo atravessado muitas mudanças, tanto de formação quanto de sonoridade.

A banda surgiu no momento em que a música melancólica estava em alta, e bandas como Paradise Lost, Tiamat, Anathema, Katatonia, Amorphis e tantas outras eram figuras recorrentes no cenário do metal mundial. 

O lado mais sinfônico do gothic metal também estava em um momento de muito reconhecimento, e bandas como Theatre of Tragedy estavam em alta, e um ano antes o Tristania havia lançado o maravilhoso WIdow's Weed.

No entanto, o Trail of Tears já nesse primeiro disco apresentaria a característica que o faria diferente dessas outras citadas: O peso.

Sem sombra de duvidas, o Trail of Tears era a banda mais pesada dessa leva do Gothic metal noventista, colocando ao lado do metal sinfonico e dos vocais operísticos altas doses de death metal e até mesmo trechos que remetiam ao black metal. As guitarras apresentavam uma distorção absurda, e o vocal masculino gutural era muito mais cavernoso do que o que faziam as outras bandas de alguma forma similares. Coloque aí algumas influencias de metal tradicional, e temos o Trail of Tears.

No Brasil, a banda se tornou conhecida pois a primeira musica desse disco, "When Silent Cries" entrou em uma das edições da saudosa coletanea "Planet Metal", cds vendidos em bancas de jornal a um preço muito acessível e que foram a porta de entrada de muitas novas bandas em nossas terras. 

Eu me lembro inclusive que foi essa - When Silent Cries - a primeira música de Gothic metal com alternância de vocais femininos com guturais que eu escutei na vida. Lembro de achar o som excessivamente pesado (na epoca, eu ouvia muito rock progressivo dos anos 70...imagina alguèm acostumado a ouvir YES se deparar com Trail of Tears pela primera vez!).

No entanto, gostei muito do clima soturno e vampiresco, que remetia aos livros da Anne Rice qe eu estava lendo naquela época.

Esse disco é muito bom. Ele mantem uma boa homogeneidade entre peso e melodia. Um outro ponto curioso é que de maneira geral a banda apresenta aqui andamentos um pouco mais acelerados do que seria tradicional no estilo. Outro fator MUITO interessante é o uso de violões limpos em algumas passagens. Violão nunca caiu muito nas graças da galera do gothic metal, e o Trail of Tears mostrava que um violão bem tocado podia ser tão melancólico quanto arpejos funebres no piano.

A vocalista aqui é Helena Iren Michaelsen, que infelizmente não duraria muito na banda. Ela alterna vocais operísticos com outros mais tradicionais, e ainda em alguns trechos de uma forma mais teatral. Ainda que ela dê algumas escorregadas em uma melodia ou outra, fato é que o timbre de voz casa perfeitamente com o som da banda e cria um contraste interessante com o vocal gutural de Rony Thorsen.

Curiosidade: Rony Thorsen substituiria Morten Veland no Tristania quando esse saiu para montar o Sirenia.

Esse disco mantém a qualidade do inicio ao fim. Em alguns momentos, como na música Illusion a guitarra faz riffs que não vemos em nenhuma outra banda de gothic metal.

Apesar da melancolia, dos teclados onipresentes e da brilhante participação adocicada de Irene, verdade é que "Disclosure in Red" pode soar excessivamente pesado para ouvidos menos acostumados.

De maneira geral a maioria dos fãs consideram o terceiro disco, "A New Dimension of Might" o ponto alto da qualidade da banda.

Eu contudo confesso que considero esse e o disco seguinte, "Profoundemonium" duas obras primas, que trouxeram frescor a cena gothic metal mundial, que apesar do sucesso iria "colapsar" devido ao exagero de bandas que soavam de alguma forma muito semelhantes demais entre si.

Acredito que é justamente essas caracteristicas peculiares que garantiram a sobrevida do conjunto. Enquanto várias bandas clássicas da cena encerraram há muito suas atividades (Tristania, Theatre of Tragedy, The Sins of Thy Beloved e dezenas de outras), o Trail of Tears segue firme e forte(apesar de um hiato entre 2013 e 2020).

Line up da banda no disco:

Ronny ThorsenVocals (harsh), Lyrics
Helena Iren MichaelsenVocals (contralto), Lyrics
Runar HansenGuitars (lead)
Terje HeiseldalGuitars (rhythm)
Kjell R. HagenBass
Frank Roald HagenKeyboards
Jonathan PerezDrums, Percussion


Nota: 9,5/10

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Resenha: Within Temptation – Enter

A banda holandesa Within Temptation se tornou uma das bandas de rock mais bem sucedidas das últimas décadas apostando em uma inusitada mistura de música pop e metal sinfônico, com algumas influências de música eletrônica.

No entanto, o que nem todos sabem é  que no início a banda fazia um som bem diferente daquele que o consagrou, como podemos constatar no debut “Enter”, de 1997.

Enter aposta num gothic metal sinfônico extremamente melancólico,  pesado onde – acreditem – a presença de vocais guturais se faz presente, alternando com a maravilhosa e adocicada voz da cantora Sharon Den Adel.

Nesse álbum de estreia há de se destacar que o vocal de Sharon trazia muitas influencias operísticas,  que se reduziram drasticamente a partir do (fantástico) disco seguinte, “Mother Earth” e que desapareceriam totalmente a partir do "Silent Force".

Este disco bebe direto na fonte do metal gótico que imperava na segunda metade da década de 90, remetendo ao som de bandas como Tristania, Lacuna Coil e The Gathering, além de fortes influênciaa de doom metal. Contudo, a maior influência aqui com certeza são os primeiros discos do Theatre of Tragedy, principalmente pelos teclados e pelas linhas vocais femininas, que muitas vezes parecem terem sido compostas pela Liv Kristine.

Mas verdade seja dita: quando o assunto  é técnica vocal, afinação e controle da voz, a Sharon sempre esteve anos luz a frente de todas as outras grandes cantoras do estilo.

O Álbum apresentava, ao menos em seu lançamento original, 8 musicas.  Em linhas gerais,  as músicas são mais longas do que se tornaria  comum em outros álbuns, com passagens instrumentais arrastadas e longas.  As letras também são bem diferentes do que aquelas que seriam abordadas no futuro. Enquanto atualmente a banda escreve sobre fantasia, relacionamentos e natureza, aqui temos temas sombrios como vampiros, Fantasmas e escuridão.

Destaques

“Restless” abre o disco de forma contemplativa,  com Sharon mostrando logo de cara porque seria no futuro considerada uma das melhores vocalistas da história do metal.

“Enter” é uma música pesada e ao mesmo tempo atmosférica,  com vocais guturais marcantes e linhas de teclado e guitarra que parecem terem saído diretamente do disco “Velvet darkness they fear “ do Theatre of Tragedy.

“Pearls of Light" traz de novo o foco para Sharon, seguida de “Deep Within”, uma paulada em que o vocal gutural é  o destaque.

O Álbum segue com muita competência, encerrando de forma digna com a incrível “Candles”.

Esse  é de longe meu disco favorito do Within Temptation, e entra fácil no meu top 7 de melhores discos de Symphonic Gothic Metal de todos os tempos.

A maioria dos fãs deste disco costumam reclamar do direcionamento que a banda tomou e da mudança radical de estilo. Mas esse não é o meu caso.

Acho que apesar das mudanças o Within Temptation continua até hoje entregando discos de altíssima qualidade.

O fato da banda ser talvez a única banda do cenário gótico dos anos 90 a até hoje ser relevante e ter uma agenda completamente lotada de shows mostra que, ao menos comercialmente,  a banda tomou decisões lógicas e acertadas.

Enfim, e para quem só conhece o Within Temptation de suas músicas leves e pops, recomendo muito escutar esse disco. Tenho certeza que a surpresa será grande e positiva.

Nota:9/10

Creditos:

Within Temptation

Additional musicians

  • George Oosthoek – vocals on "Deep Within"
  • Lex Vogelaar – guitars on "Pearls of Light"
  • Guus Eikens – synthesizers/sound advice

 

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Resenha Brasuca: Saturno Prestes

 Olá,  pessoal,  tudo bem com vocês?

Hoje começo uma nova fase aqui no blog, em que irei comentar, indicar e resenhar bandas brasucas para além do horror punk. Então espere ver aqui todos os outros estilos que eu amo tanto: rock progressivo,  doom metal, Black metal, pós-punk, celtic punk...e até estilos menos "óbvios " que eu também curto, como world music, New age, dungeon synth, chiptune.

Por quê?

O principal motivo foi o encerramento do site 80 Minutos, que por anos foi o espaço mais democrático e eclético de crítica musical do país.  

E o segundo motivo é que - vamos ser sinceros - a cena horror punk tanto brasileira como internacional está caminhando a passos de tartaruga, com pouquíssimos lançamentos e pouquíssimas atualizações.  Temos uma infinidade de bandas excelentes na cena, e sei que a maior parte deste "silêncio" da cena é porque a galera está fazendo seus corres e tentando dar conta de tudo. Entendo isso perfeitamente. 

Feitas as devidas explicações, vamos a resenha de hoje.

Banda: SATURNO PRESTES

A banda brasuca acaba de lançar um EP auto-intitulado contendo 4 músicas, totalizando cerca de 18 minutos de música. Aqui o setlist:

1- Saturno Prestes

2- Supernatural

3- Jardins Artificiais

4- O fim da Morte (Cixinesque)

Achei muito bom que a banda disponibilizou o EP em VÁRIAS plataformas diferentes.  No fim da matéria você encontra o link para a audição. 


Qualidade do Áudio 

As músicas tem uma qualidade de produção muito boa. Tudo soa claro e balanceado, algo que nem sempre é fácil de encontrar, ainda mais sabendo que a produção teve muito da atitude "Faça Você Mesmo" envolvida. Gostei muito dos timbres de guitarra e da forma como a voz foi trabalhada. 


Estilo Musical

Não é tão fácil definir o som do Saturno Prestes. O que é muito bom,  pois confere uma identidade toda própria á banda.  No entanto vou tentar colocar aqui como EU classificaria a banda em relação ao que eu costumo escutar:

O elemento mais predominante é o Rock progressivo,  por conta das mudanças de ritmos, harmonias complexas e muitas vezes um som mais técnico. Nas guitarras a timbragem do instrumento me remeteu aos momentos mais viajantes do Steve Vai, e alguns dedilhados me fizeram pensar em Violeta de Outono. A voz é muito afinada e junto com o que foi dito eu senti um certo amor pela MPB da década de 70 e pitadas de BRock dos 80s.

Enfim, a banda tem identidade suficiente pra dizermos que soa como "Saturno Prestes".

Músicas 

1- "Saturno Prestes"

O EP abre com uma introdução que me remeteu imediatamente à Steve Vai. Tanto que por alguns segundos achei que seria uma faixa instrumental.  É uma música com uma vibe meio contemplativa, ainda que a guitarra seja onipresente. Possui alguns backing-vocals bem simples mas que se encaixam perfeitamente no que a música pedia. A guitarra traz algumas dissonâncias muito interessantes e que trazem bastante dinamismo a música de forma simples e eficiente. 


2- "Supernova"

Essa apresenta uma estrutura bem diferente da anterior. Sem introdução,  o vocal já começa com uma melodia quase melancólica em cima de um dedilhado MUITO bonito.

O maior destaque dessa música para mim são os vários momentos em que melodia vocal e guitarra fazem os mesmos caminhos melódicos simultaneamente. A guitarra base apresenta alguns momentos mais pesados que eu acredito que soarão incríveis ao vivo. 


3- "Jardins Artificiais "

Aqui temos a influência do blues falando alto, mas um blues de harmonias ousadas é muito cromatismo. No entanto o destaque vai para os vocais, muito bacanas e que se arrisca em algumas notas mais altas e também investe um pouco no drive em algumas passagens,  com resultados muito acima do satisfatório. 


4- "O fim da Morte (Cixinesque)"

E por fim chegamos aquela que considero a melhor música do EP,  um épico com mais de 8 minutos onde tudo que apareceu nas músicas anteriores se repete aqui potencializado. Meu destaque aqui vai para a Letra, extremamente evocativa, e para a interpretação vocal, que considero aqui primorosa. É cheia de mudanças de ritmos.


Considerações Finais

Um EP excelente.  O único defeito é durar apenas 18 minutos. 

Com certeza a Saturno Prestes promete entregar muita coisa boa por aí. 


Onde ouvir: Saturno Prestes




sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Horror Punk Magazine n°10

 Eis que 1 ano depois estamos de volta, com a décima edição da Horror Punk Magazine.

Trata-se de uma edição especial focada no sobrenatural e seus estudos. Esta revista tem zero pretensão de ser um estudo aprofundado do que é abordado aqui. Na verdade, surgiu como uma simples brincadeira de escrita, em que fui colocando de forma sucinta tudo que me fascina dentro do tema.

Isso aqui é um fanzine, sem qualquer pretensão além de lhe entreter por algum tempo.

Seria esse o retorno definitivo da revista?

Dificil dizer. Como bom amante do caos criativo, acho que vou deixar sempre em aberto e quando der vontade lançarei novas edições, sem muito compromisso com datas e periodicidade.

Enfim, é isso!

Um 2024 repleto de Horror para vocês.

TLHP GRAVEYARD

Link: Horror Punk Magazine n°10

terça-feira, 12 de setembro de 2023

RESENHA: Carniceiros de Aço - Meretrizes de Satan

 Olá!

Hoje venho com o álbum "Meretrizes de Satan", lançado em 2017 pela banda carioca Carniceiros de Aço.

Ponto Alto

O grupo mostra muitas qualidades ao longo de todo disco, mas para mim o maior trunfo da banda é o quão bem eles conseguem contar histórias através de seu som e principalmente através de suas letras.

Cada música é como assistir um filme, de tão vivido que é cada descrição. Em menos de 3 minutos entendemos toda a história contada e mais: as vezes até simpatizamos com os personagens.

O ponto alto disso se dá na música título, onde conhecemos as terríveis Meretrizes, implacáveis espalhando o horror em nome do Cramunhão.

"Aliens" nos mostra um apocalipse alienígena onde a humanidade vira escrava de uma raça extraterrestre.

"Criatura" nos conta uma história clássica de lobisomem, e a frustrada tentativa de eliminar a criatura.

"Forjado no Inferno" aborda o medo e pavor de um serial killer à solta espalhando medo pela cidade. Um tema que se repete em "Carona da morte", com o detalhe de que a matança agora ocorre em massa, inclusive em um show - e a banda não parou de tocar.

"O Pastor de Mal", que abre o disco, aborda o líder de um culto satânico.


E o som?

A banda faz um som competente, uma mistura de punk com fortes influências de rock e até mesmo hard rock (especialmente na bateria). O vocal é bem rouco mas extremamente afinado, além de realmente criar nuances sutis ao longo da letra, algo que eu aprecio demais.

De maneira geral o som é cadenciado. Consigo ver muito fã de outros estilos, como heavy metal, curtindo facilmente o som dos Carniceiros.

A única exceção é a música "Carona da Morte", que investe numa estrutura mais pop, e surpreendentemente se dá bem também dentro dessa vertente mais leve.

Em resumo

Em resumo, um disco fácil de ser digerido e muito difícil de não gostar. A gravação é bem competente, e fez escolhas muito acertadas, como por exemplo deixar a voz em um volume de som onde é possível entender tudo que está sendo cantado facilmente.

Se me perguntassem com o que se parece o som dos Carniceiros, eu diria que é um mix de Zumbis do Espaço com Motorhead, na melhor fase de ambas as bandas.

"Meretrizes de Satan" é um monumento do horror punk brasileiro.

E se vc quiser ouvir, só colar aqui:

Horror Punk Magazine 11 - VOLTAMOS DO ALÉM...

 Depois de um longo e tenebroso inverno, eis que o maior fanzine de Horror punk da América Latina retorna! A frequência será mensal pelos pr...