sábado, 24 de abril de 2021

Horror Punk e Música Erudita - Tudo a ver

  O artigo de hoje vem com uma proposta um pouca diferente e ousada. Traçar o que o Horror Punk tem em comum com mùsica erudita. 

A verdade é que existem vários pontos em que Horror Punk e Mùsica Erudita se tocam, e como NINGUÉM falou disso até agora, eu serei o chato e mala que fará. Sinto muito por isso.

"Ahhhh, TLHP, mas Horror Punk é atitude, é morte, é choque!".

É tudo isso sim. Mas também é um estilo musical, e por isso tem muitos aspectos além desses.


Antes, uma palavrinha sobre minha formação musical e o por que de abordar esse tema. 

Eu me formei em Mùsica - Licenciatura e Violão Erudito pelo Instituto de Artes da Unicamp. Nunca fui muito de ouvir música erudita, na verdade. 

Mas sempre tive verdadeira obsessão por teoria musical e historia da mùsica, e o melhor lugar pra me aprofundar nisso seria estudando mùsica erudita. 

Mas meu lance sempre foi rock e Heavy Metal, mùsica pesada em geral e logicamente o Horror Punk.


O tema da Morte e do Horror

Horror. A característica mais importante do Horror Punk. Nas letras, nas artes, muitas vezes nas vestimentas... Horror em tudo. Baseando-se em filmes de terror trashs ou em casos reais sinistraços, o Horror é o motor do estilo.

A música Erudita SEMPRE teve ligação com isso também. Tem muita história bizarra e macabra no estilo.

O compositor Dvorak compôs uma obra  inteira em 1874- Danse Macabre - que contava a historia de esqueletos que se levantavam dos túmulos em uma noite de Lua cheia, e começavam a dançar grotescamente entre eles.

Isso é Horror Punk total.

Durante a segunda guerra mundial, em 1941, o compositor francês Olivier Messiaen  escreveu uma música chamada "Quarteto para o Fim dos Tempos", uma composição erudita que falava do Apocalipse e do fim do mundo.

Detalhe: ele estava em um Campo de Concentração nazista na Polônia. Todos os outros músicos também. E a peça foi apresentada para os soldados alemães e outros prisioneiros que ali estavam.

A maioria dos músicos foram mortos dias depois.

Não consigo imaginar algo mais sinistro que isso.


Era comum membros da nobreza procurarem grandes compositores para que esses conpusessem "réquiems", musicas fúnebres para tocar em enterros. Muitas vezes, a mùsica era para o enterro da propria pessoa que estava encomendando.

Imagina a cena: o cara chegava pro Mozart e falava: "Quando eu morrer, eu quero uma música assim..." 

E aí ficava do lado do compositor, dando dicas e instruções do que ele queria ou não que tocasse no enterro dele.


Praticamente todos os grandes compositores dos períodos barroco e clássico fizeram isso: 

Vivaldi, Bach, Haendel, Mozart, Beethoven.


Sonoridade


Não é apenas no tema que Horror Punk e Mùsica Erudita se tocam. No som também.

Toda vez que os compositores eruditos querem abordar algo sinistro ou macabro, eles utilizam técnicas e instrumentos que conferem uma característica agressiva ao som, áspera, dura e direta.

É comum o uso de percussão nessas composições, com ritmos mais constantes e acelerados. Vide a mùsica do Dvorak.


Som áspero, agressivo, direto...onde mais temos isso mesmo?!?



Logicamente, eu não estou afirmando que a mùsica Erudita influência ou influenciou o Horror Punk. Sei muito bem que maioria dos fãs de Horror Punk está cagando total pra musica clássica. Acreditem, eu também estou.


Mas fato é que TODA a mùsica atual, querendo ou não, recebe influência do que foi feito no passado.

Você pode negar isso, claro. Da mesma forma que você pode negar que a Terra seja redonda ( ligeiramente achatada nos pólos).


E como falei, é só uma análise.


Ainda pretendo ir mais fundo nessa questão no futuro, com um artigo mais enfadonho ainda.



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