terça-feira, 12 de setembro de 2023

RESENHA: Carniceiros de Aço - Meretrizes de Satan

 Olá!

Hoje venho com o álbum "Meretrizes de Satan", lançado em 2017 pela banda carioca Carniceiros de Aço.

Ponto Alto

O grupo mostra muitas qualidades ao longo de todo disco, mas para mim o maior trunfo da banda é o quão bem eles conseguem contar histórias através de seu som e principalmente através de suas letras.

Cada música é como assistir um filme, de tão vivido que é cada descrição. Em menos de 3 minutos entendemos toda a história contada e mais: as vezes até simpatizamos com os personagens.

O ponto alto disso se dá na música título, onde conhecemos as terríveis Meretrizes, implacáveis espalhando o horror em nome do Cramunhão.

"Aliens" nos mostra um apocalipse alienígena onde a humanidade vira escrava de uma raça extraterrestre.

"Criatura" nos conta uma história clássica de lobisomem, e a frustrada tentativa de eliminar a criatura.

"Forjado no Inferno" aborda o medo e pavor de um serial killer à solta espalhando medo pela cidade. Um tema que se repete em "Carona da morte", com o detalhe de que a matança agora ocorre em massa, inclusive em um show - e a banda não parou de tocar.

"O Pastor de Mal", que abre o disco, aborda o líder de um culto satânico.


E o som?

A banda faz um som competente, uma mistura de punk com fortes influências de rock e até mesmo hard rock (especialmente na bateria). O vocal é bem rouco mas extremamente afinado, além de realmente criar nuances sutis ao longo da letra, algo que eu aprecio demais.

De maneira geral o som é cadenciado. Consigo ver muito fã de outros estilos, como heavy metal, curtindo facilmente o som dos Carniceiros.

A única exceção é a música "Carona da Morte", que investe numa estrutura mais pop, e surpreendentemente se dá bem também dentro dessa vertente mais leve.

Em resumo

Em resumo, um disco fácil de ser digerido e muito difícil de não gostar. A gravação é bem competente, e fez escolhas muito acertadas, como por exemplo deixar a voz em um volume de som onde é possível entender tudo que está sendo cantado facilmente.

Se me perguntassem com o que se parece o som dos Carniceiros, eu diria que é um mix de Zumbis do Espaço com Motorhead, na melhor fase de ambas as bandas.

"Meretrizes de Satan" é um monumento do horror punk brasileiro.

E se vc quiser ouvir, só colar aqui:

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

RESENHA: Os Medonhos - Me Tornei Outro Ser

 Olá, pessoal, tudo bem?

É com grande alegria que hoje apresento uma resenha desse disco maravilhoso da banda Pernambucana "Os Medonhos". O Álbum foi gravado em 2005, e é impressionante como mantém o frescor depois de quase 18 anos. Envelheceu bem demais isso aqui!

Não vou negar: Esse disco entre fácil no meu Top 5 de discos favoritos de Horror Punk de TODOS OS TEMPOS.

Já escutei esse disco dezenas de vezes e não consigo achar um único defeito, e nem parar de ouvir até que chegue a última música.

Vamos começar falando do aspecto técnico do disco: a gravação é ótima e o timbre escolhido para cada instrumento é certeiro. O som de bateria e de guitarra aqui é EXATAMENTE o que as composições pediam. Foram escolhas de timbres e tonalidades muito bem feitas. Os músicos são extremamente competentes, pois por trás da aparente "bagaceira sonora" (no bom sentido) temos musicas bem difíceis de serem executadas. A bateria faz viradas diferentes em todas as músicas, a guitarra faz riffs extremamente rápidos sem nunca deixar o cronômetro para trás. E o vocal é agressivo na medida certa.

Agora vamos as músicas.

O disco abre com "Ataque dos Vermes Malditos", a mais "leve" do disco e uma excelente faixa de abertura. Além, claro, de falar de um dos meus filmes favoritos.

"Medonhos Mutantes" poderia ser facilmente eleita a música mais grudenta da história do Horror Punk BR, com uma melodia maravilhosa e uma letra bem humorada que é impossível não sair cantando antes que a primeira audição termine. E mesmo sendo uma melodia simples, acontece uma modulação totalmente inesperada, que consegue dar um colorido bem legal, sem mudar nada na estrutura. Em resumo, Uma obra prima.

"Onde está seu Poder" é o caos em forma de Horror Punk! Uma pancada certeira, rápida, agressiva, com um vocal insano...que composição, senhoras e senhores, que composição!

"Mentes Insanas" é minha favorita, com mudanças de ritmo constantes, uma certa influência de rock clássico e o vocal com uma impostação fodástica. O trampo de guitarra aqui é irrepreensível.

"Minha Amada" traz influências de Country music, mas dentro de uma roupagem bem punk. E com um refrão maravilhosamente cantado, além de uma mudança brusca que do nada acrescenta elementos de baladas rockabilly ao som. Uma composição complexa e bem realizada.

"Pânico", "Você tem medo de Quê" e Inconsciência Maligna II" entram de cabeça no punk mais visceral. O refrão de "Você tem medo de Quê" fica na sua cabeça muito tempo depois que a música acaba. E "Inconsciência Maligna II" trás fortes elementos de Heavy Metal (ao menos na guitarra), e um "quê" de Motorhead...

E o disco se encerra com uma versão from hell de "Onde está o seu Poder", como se a versão original não fosse caótica o suficiente! E por fim uma faixa bônus chamada "O Herói", outra excelente composição (mas realmente um pouco abaixo das outras).

Em resumo: Um disco que beira a perfeição. Se tivesse que apontar um único defeito, seria o de durar apenas 26 minutos.

Essa é uma escuta OBRIGATÓRIA para todo fã de Horror Punk BR!

Onde escutar? Aqui:



sábado, 9 de setembro de 2023

RESENHA: Nekrotério - Surf in Nekrópolis

 E hoje vamos analisar o álbum de 2016 da banda mineira Nekrotério. A banda faz um horror punk pesadíssimo com vocais quase guturais e com influências de psychobilly e surf music.

O disco possui 14 faixas, sendo uma delas um bonus track com um cover de Saturday Night do Misfits.

O disco começa com uma faixa instrumental calcada na Surf music e no psychobilly. É uma introdução bem interessante, pois embora não possua letra, existem alguns gritos e grunhidos ao longo dela que realmente remetem a uma atmosfera de horror.

Em seguida temos "Vestígios na mesa de nekrópsia", onde escutamos de fato todas as características da banda: um som extremamente pesado, guiado pela guitarra e com mudanças bem interessantes de andamento ao longo da canção. Essa musica tem um solo de guitarra caótico que surpreendentemente se encaixa muito bem no conjunto da obra. O vocal é grave, quase gutural na maior parte do tempo. Eu gostei muito do vocal, pena que nessa música as vezes ele fica com um som baixo, tornando difícil de entender o que está sendo cantado. Mas nada que estrague a audição.

A terceira música é "Psycho Girl", uma música cantada em inglês. Essa faixa é muito bacana e não fica a dever em nada ao horror punk cantado em inglês que está sendo feito lá fora.

"Possessão" vem logo na sequência, e tome mais porrada. O refrão é grudento e é difícil não cantar junto logo na segunda vez.

"Mortos Vivos à solta por aí" traz de volta a influência do psychobilly, mas um psychobilly pesadíssimo. Possui um riff de guitarra no refrão que é memorável.

E aí seguimos com uma série de musicas muito boas.

Em um certo momento temos "Contos do Nekrotério", que eu considero a melhor música do disco.

Em resumo: o disco todo é muito bem composto e tocado. A bateria é precisa, a guitarra é bem criativa, o baixo faz o que tem que fazer e tudo funciona muito bem junto.

A produção é boa e acertou em cheio em deixar o som mais "áspero" que combinou bastante com a identidade da banda. Um som mais cristalino iria soar deslocado (isso, claro, é minha opinião).

Mesmo sendo 14 faixas, o disco possui pouco mais de 27 minutos. As musicas são curtas e diretas e não há tempo para "frescuras" musicais aqui. 

É um disco de horror punk que pode com certeza agradar fãs de outras vertentes de musica pesada.

Curiosidade: A música "Difunto Azedo" lembra muito a fase do Titãs do disco Titanomaquia, incluindo no final.

Você pode escutar o álbum aqui:



terça-feira, 5 de setembro de 2023

Resenha Marota: Anjos Rebeldes 4 (Uprising)

 E hoje vamos de resenha de um filme bem Underground, ainda que seja parte de uma franquia relativamente popular.

Eu confesso que desconhecia a existência dessa 4° parte (e também da 5° parte) até poucos dias atrás.

Encontrar o filme para assistir foi uma outra luta épica. Enfim, de posse do filme e com pipoca, vamos a resenha.

Continuação ou Spin-off?

Anjos Rebeldes 4 não deixa claro se é uma continuação dos anteriores ou um Spin-off totalmente independente. Ainda que a história tenha um plot totalmente novo, existem referências á personagens presentes nos filmes anteriores.

Eu particularmente encaro como um Spin-off. 

Dito isso, tentei assistir sem ficar comparando com os lançamentos que já existiam.


Qual é a história?

A história gira em torno de um tomo místico conhecido como "Lexicon da Profecia", um artefato que tem o poder de registrar o final dos tempos e o resultado da guerra nos céus. Por conta disso, tanto anjos quanto demônios (anjos Caídos) estão aqui na terra em busca de tal livro, que está de posse de uma mulher - Allison - com um passado sombrio e traumático.

O filme tem um tom investigativo, uma vez que a maioria das cenas envolvem o trabalho de um policial, irmão de Allison, e um misterioso agente federal, que mais para frente sabemos exatamente quem era. 

Novas Regras

O filme introduz algumas novas regras a franquia. Por exemplo, nos primeiros filmes cada anjo assumia uma única forma humana, que serviria como seu "avatar", por todo tempo em que ele permanecesse na Terra. 

Já aqui os anjos podem transferir as suas essências para dentro de corpos humanos. Aqui os Anjos também podem se manifestar imaterialmente com muito mais frequência.


O que tem de bom?

Olha, sendo sincero, quando fiquei sabendo que esse filme existia e fui atrás do material promocional dele, logo achei que seria uma bomba completa. E justamente por estar com as expectativas lá embaixo, tive algumas boas surpresas.

O elenco é surpreendentemente bom. São bons atores em interpretações dignas. Algumas cenas inclusive são salvas por esse fator.

Em segundo lugar, o plot original é interessante realmente. Lembra os filmes anteriores sem parecer um Reboot. 

Outro ponto positivo é a locação. O filme se passa em Bucareste, na Romênia, um lugar MUITO bonito e com uma aura de mistério que contribui muito para dar ao filme um ar místico.


O que tem de ruim?

Algumas coisas no roteiro ficam confusas. Por exemplo, um dos anjos é chamado de "Simon", e não fica claro se é o mesmo "Simon" que aparece no primeiro filme.

A direção é um pouco insegura e fica só no básico, deixando cenas que poderiam ser bem dinâmicas (ou simplesmente bonitas) um pouco apagadas.

E o final é totalmente inconclusivo. Mas esse último aspecto pode ser perdoado pois no mesmo ano foi lançado "Anjos Rebeldes 5", que continua a história exatamente onde essa termina aqui.


Balanço Geral

O filme não chega perto do original, mas TB não compromete. Dificilmente alguém irá se empolgar com ele, da mesma forma que dificilmente alguém odiará com todas as forças. O filme tem boas ideias, sendo que algumas são aproveitadas e outras não.

O capítulo 5 ajuda a entender algumas coisas que ficaram soltas aqui, então vou me aprofundar mais na resenha deste.

Nota: 6/10

sábado, 2 de setembro de 2023

O que o Horror Punk BR trouxe de bom para minha vida? - Texto N° 100 do blog

E chegamos ao número de 100 posts aqui no blog.
Fazer qualquer coisa 100 vezes exige um investimento de tempo grande, seja isso um trabalho ou não.

E pra comemorar, resolvi fazer texto curto respondendo a pergunta do título:

"Tarcisio, o que o Horror Punk BR trouxe de bom para você?"
Bom, meu primeiro contato com o Horror Punk brasileiro foi na virada dos 2000, quando conheci o Zumbis dos Espaço. Lembro que achei legal, mas confesso que estava em outra vibe naquela época (estava estudando musica horas e mais horas por dia, e praticamente só escutava prog metal).
O tempo passou até que por volta de 2013 eu acabei esbarrando novamente no Horror Punk BR, dessa vez através da coletânea "Isso é Horror Punk Brasil" vol.1. E os outros volumes também.
Foi aí que conheci Pesadelo Brasileiro, Nekrotério, Graboides, Difuntos, Medonhos e muitas outras. 
Inclusive é o que estou ouvindo ela enquanto escrevo isso.

Em 2014 começei a escrever para o Whiplah.net. Escrevia sobre tudo, de metal melódico à trash metal, mas também comecei a colocar uma ou outra matéria lá sobre horror punk, psychobilly e gêneros similares (esses textos ainda estão lá).

Um novo capítulo no entanto ocorreu em 2020, quando fui diagnosticado com COVID e precisei ficar de quarentena. Em 2020 ainda não existia vacina e na verdade pouco se sabia sobre o vírus. Eu tinha um bebê de 1 ano de idade, e minha esposa faz parte do grupo de risco. Resultado: Precisei fazer uma quarentena rigorosíssima. 
Com o tempo livre, comecei a procurar Horror Punk BR e foi nesses dias que conheci muitas outras coisas muito fodas, como Sertão Sangrento, Difunteria, Invasores de Tumbas, Monster Trio, BrainEaters. E aí minha cabeça explodiu de novo e virou meu estilo favorito.

E foi ouvindo o programa HORRORAMA que me veio a ideia de começar a gravar minhas músicas, e posso dizer com toda certeza que foi a melhor coisa que eu poderia fazer.

E nessa onda de produzir material veio a finada HORROR PUNK MAGAZINE, que durou 2 anos.
Graças a tudo isso, hoje tenho a honra enorme de trocar ideia com músicos que admirava imensamente e que jamais imaginaria que teria algum tipo de contato.

Poder mandar mensagem para caras como Poppeye (sertão Sangrento), Zé Máximo (Difunteria), Pinga (Pesadelo Brasileiro) e outros ainda é uma experiência surreal para mim, pois ainda continuam sendo minhas referências dentro do estilo, além de pessoas muito bacanas.

Graças aos trampos com a HORROR PUNK MAGAZINE pude aprender o básico de design gráfico, que por sua vez me permitiu começar a diagramar livros, e hoje lançar meus próprios livros e diagramar livros de terceiros virou uma das principais fontes de renda da minha família.

Tirar as músicas de ouvido das bandas que eu ouço me fez voltar a estudar musica novamente depois de quase uma década sem fazer isso.

O Horror Punk tb me fez voltar a consumir mais hqs e filmes de horror, especialmente os clássicos das décadas de 50, os filmes-B dos 70's e a trasheira da década de 80.

Na verdade eu poderia ficar até amanhã escrevendo aqui!

Um abraço e que venham mais 100 textos.


Horror Punk Magazine 11 - VOLTAMOS DO ALÉM...

 Depois de um longo e tenebroso inverno, eis que o maior fanzine de Horror punk da América Latina retorna! A frequência será mensal pelos pr...